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POLÍTICAde uma ou mais casas, exercer o direito aovoto. Mas demorou mais dez anos para queem 1928 este direito se estendesse a todasas mulheres com mais de 21 anos.O movimento, iniciado no século XIX,foi lentamente chegando aos quatro cantosdo mundo onde sufragistas de diversasnacionalidades conquistaram a igualdade.O primeiro país a conceder o direito devoto às mulheres foi a Nova Zelândia em1893, mas só a partir de 1920 é que asnações ocidentais foram dando às mulhereso direito de votar. E em pleno século XXI,alguns países ainda não permitem o votofeminino, entre outros direitos. A batalhacontinua cem anos depois.A I Guerra Mundial (1914-1918) obrigouum número cada vez maior demulheres a substituir a mão-de-obra masculina,uma vez que os homens foramdeslocados para o campo de batalha emuitos não voltaram ou regressaram mutilados.O papel da mulher na sociedade foimudando e crescendo, não apenas pelasua contribuição laboral na guerra mastambém pelos movimentos feministas,cujo ponto de partida começa naConvenção dos Direitos da Mulher realizadaem 1848, em Seneca Falls, no estadode Nova York, EUA, na qual as mulheresdefenderam o fim da escravidão, aindaantes do voto feminino.Em 1869, o território do Wyomingtornou-se pioneiro ao permitir esse direitoe três estados o seguiram. Mas quandoo Wyoming foi elevado a estado, parte daUnião exigiu a abolição do mesmo.O governo local declarou que preferiaretardar cem anos a entrada do Wyomingpara a União do que não conceder direitospolíticos femininos.Na Europa os movimentos pelo direito damulher ao voto foram intensos na Grã-‐Bretanha. Em 1897, a educadora MillicentGarret Fawcett e Lydia Becker fundaram aNational Union of Women’s SuffrageSocieties (NUWSS) que começou por ser umaassociação pacifista mas a falta de resultadospráticos levou a uma mudança de estratégia.Entretanto, em 1901 a Austrália concedeuàs mulheres o direito ao voto, um facto quelevou as inglesas a tornarem-se ainda maisradicais, incendiando estabelecimentospúblicos, liderando ataques a casas de políticose membros do Parlamento. O Governolevou a cabo uma violenta repressão e prendeuas líderes do movimento. Na prisão, assufragistas fizeram greve de fome e acabarampor ser brutalmente alimentadas à força. Estaviolência chocou a opinião pública e intensificouainda mais as manifestações dassufragistas. Emily Wilding Davison, numaatitude desesperada, atirou-se para a frentedo cavalo do Rei durante uma prova hípica,tornando-se a primeira mártir desta luta.Mas o processo não foi idêntico no restodo mundo. No princípio do século XX aFinlândia concedeu o voto às mulheres em1906, a Noruega em 1913, em 1915 foia vez da Dinamarca e Islândia. A Suécia foio último país escandinavo a conceder ovoto feminino em 1918. O voto das mulhereschegou à Holanda em 1917, à Rússia,após a Revolução Bolchevique, em 1917,à Alemanha em 1918, à Irlanda em 1922,à Áustria, Polónia, Checoslováquia em1923. A Espanha deu o voto às mulheresem 1931 e França e Itália fizeram-no apósa II Guerra Mundial em 1945. A Suíça permitiuo sufrágio universal apenas em 1971.Na América Latina, o Equador foi pioneiroao consagrar este direito em 1929 e EvaPerón, a primeira dama da Argentina, conseguiuobter esse direito em 1947. EmPortugal a médica e viúva Carolina BeatrizÂngelo foi a primeira mulher a votar em1911, alegando que sendo chefe de famíliao poderia fazer uma vez que a lei nãoespecificava o sexo do chefe de família.Levou a sua causa a tribunal e ganhou.Morreu aos 33 anos, uma curta existênciamas suficiente para fazer história. Logo deseguida, o Governo mudou a lei explicitandoque apenas o sexo masculino poderiavotar. Em Maio de 1931, o voto foiconcedido à mulher com várias limitaçõesque duraram até ao 25 de Abril de 1974.Mas o sufrágio universal não se resumeao género masculino e feminino. Há 60anos, a 28 de Agosto de 1963, o norte--americano Martin Luther King fez umdiscurso que se tornou icónico a partirdos degraus do Lincoln Memorial emWashington perante 200 mil pessoas, apelandoao fim da discriminação racial, aosdireitos cívicos dos negros, entre eles ovoto. Foi o laureado mais novo do PrémioNobel da Paz e morreu assassinado antesde ver aprovado pelo Congresso norte--americano o Civil Rights Act of 1964,seguido do 1965 Voting Rights Act. “I havea dream” é o símbolo da reivindicação domovimento pacifista pela igualdade e fraternidadeentre os homens. E a prova que,sem uso da violência, homens e mulheres,brancos ou negros, católicos ou muçulmanosconseguem derrubar barreirasracistas, machistas, políticas ou religiosas.Os Direitos Humanos estão consagradosna Declaração Universal da ONU escritaapós a II Guerra Mundial. “Todos os sereshumanos nascem livres e iguais em dignidadee em direitos”[...]. Todos podeminvocar os direitos e as liberdades, semdistinção alguma, nomeadamente de raça,de cor, de sexo, de língua, de religião, deopinião política ou outra, de origemnacional ou social, de fortuna, de nascimentoou de qualquer outra situação”.As sufragistas e os negros norte-americanostiveram exactamente o mesmosonho – o de serem considerados pessoasaos olhos das outras pessoas. Hoje, pelomundo fora, os trinta artigos da DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos não sãocumpridos na sua plenitude. O sonhomorreu?* Jornalista freelancerLibrary of Congress prints and photographs division Washington, D.C.Paralelo n. o 8 | INVERNO 2013/2014 11

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