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25de abril1974 - 2014No âmbito dos 40 anos do 25 de Abril, a Paraleloentrevistou quatro importantes investigadores norte--americanos da área política e social, de algumas dasmais reputadas universidades do mundo. Todos elesacompanharam de perto a Revolução Portuguesa,tendo viajado para Portugal onde viveram e estudaramo que se passava. Os acontecimentos de há 40anos marcaram as suas notáveis carreiras universitáriase, também, pessoais. Philippe Schmitter, KennethMaxwell, Robert Fishman e Nancy Bermeo divulgaram,e continuam a divulgar, pelo mundo, atravésdos seus livros, artigos científicos e conferências, oque Portugal lhes revelou. Nas páginas que se seguemfalam-nos dessas experiências.Tudo é possível?Philippe Schmitter cientista político americano e professor emérito do InstitutoUniversitário Europeu estudou quase todas as transições para a democraciamas foi a portuguesa que lhe mudou a carreira. “Estive no local certo na hora certa”.POR SARA PINA[Paralelo] Em termos gerais é considerado queas revoluções frequentemente originam regimesnão-democráticos, raramente conduzindo ademocracias. A revolução do 25 de Abril foidiferente? Como?[Philippe Schmitter] O que liga as modernasrevoluções com a autocracia é a existênciade uma elite conspirativa coerente que écapaz de mobilizar violência de massa, afastara anterior classe no poder e, também,capaz de se transformar num partido únicodominante. Nenhuma dessas condições estevepresente na Revolução dos Cravos. A“elite” conspirativa consistia num grupo dejovens oficiais que não tinham nenhumplano coerente ou visão de uma sociedadeou políticas alternativas. A mobilização demassa que se seguiu não era violenta e nãoafastou a anterior elite liderante. Os oficiaisforam incapazes de se organizarem numpartido único e o seu zelo revolucionáriofoi rapidamente absorvido e dispersado porinstituições militares englobantes das quaiseles eram apenas uma pequena parte.[P] A revolução teve algum impacto na qualidadeda democracia? E gerou alguns legados quepodem de alguma maneira ajudar ou prejudicarna gestão da crise actual?[PS] Num dos artigos que escrevi sobre oassunto, não consegui encontrar nenhumascaracterísticas duradouras da Revolução.Os dados da opinião pública que tinhaentre 18 a 30 anos em Abril de 1974 nãorevelam um perfil político diferenciado deoutras faixas etárias. Apenas foram mais18FOTOGRAFIAS DE RUI OCHOA“Portugal hoje tem uma das mais desiguais distribuições de rendimento da Europa e uma das taxasmais baixas de protesto popular.” diz Schmitter. Em 1974 houve muita mobilização (na foto).conservadores e pouco inclinados a agir“extra constitucionalmente” ou mesmopara se manifestarem publicamente.Muitas das políticas revolucionárias foramalteradas.Portugal hoje tem uma das mais desiguaisdistribuições de rendimento da Europa euma das taxas mais baixas de protesto popular(apesar de circunstâncias extremas quejustificariam acções de protesto como aconteceuem Espanha). Podemos defender queeste facto torna mais difícil resolver a criseactual já que o ímpeto reformador é fraco(pelo menos em Espanha alguns sinais desucesso começam finalmente a aparecer).[P] Porque veio para Portugal?[PS] Comecei a trabalhar sobre políticaportuguesa em 1970, exactamente porcircunstâncias opostas às da Revolução,nomeadamente a persistência do corporativismodo Estado. Descrevi isso como «umaaventura de arqueologia política» onde pudeconstatar o autoritarismo dos anos 1930.Fiquei surpreendido como toda a gente coma Revolução, mas encantado. Na altura eraParalelo n. o 8 | INVERNO 2013/2014

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