12.07.2015 Views

6Irtvzw2A

6Irtvzw2A

6Irtvzw2A

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SOCIEDADE‘ Nos Estados Unidos, “amaioria” dos muçulmanos“são americanos quetambém são muçulmanose não muçulmanosamericanos”.’Aman AliPARALELO, no final de uma sessão comestudantes na Universidade Nova de Lisboa.Apontando o dedo à comunicação sociale à política pela construção de uma “narrativa”que “vê os muçulmanos comovilões”, Aman Ali, nascido e criado nosEstados Unidos, numa família de origemindiana e muçulmana, considera que “aperseguição e a discriminação resultam dafalta de conhecimento” sobre uma comunidadecom “pessoas muito religiosas, mastambém liberais e moderadas”.Criticando os estereótipos acerca dosmuçulmanos “devotos, religiosos, rígidos”,Aman Ali contrapõe: “Como é que se pareceum muçulmano, é médico, taxista, farmacêutico,alguém lá da escola? Não háum perfil comum. Eu sou muçulmano enão passo a vida a dizê-lo às pessoas.”Não há uma história comum, os muçulmanoschegam aos EUA por razões diferentese vindos de contextos diferentes.Relata histórias de muçulmanos que trabalhamnos casinos de Las Vegas porqueprecisam do emprego e do dinheiro, apesarde o Islão não autorizar o jogo, e quevendem porco para garantir a sobrevivênciadas suas mercearias.“Não há um muçulmano comum, comonão há um católico ou cristão ou judeucomum”, diz, observando: “A vida de ummuçulmano é muito semelhante à de qualqueroutra pessoa, enfrentamos os mesmosproblemas, não conseguir pagar a rendado apartamento, uma ex-namorada a chatear,como conseguir uma boa educaçãoe um bom emprego.”No mundo mediático, “quem grita maisalto é quem atrai mais as câmaras”, independentementede também estar dispostoa ouvir. Mas, reconhece, “é fácil culpara comunicação social” e, por isso, é precisodizer que a comunidade muçulmanatambém tem “um problema”. Afinal, ondeestão “as vozes muçulmanas, que falemalto de paz e tolerância?”, questionou,para propor: “Temos de melhorar a comunicação.”Ao mesmo tempo, “não só os não muçulmanosdevem visitar mesquitas, como os“Temos orgulho na nossa fé e religião, mas não andamos a pregar,não estamos aqui para converter ninguém."muçulmanos devem visitar igrejas, sinagogas,templos”, em resumo saírem da “bolha” etravarem conhecimento com os outros.Aman Ali assume a dificuldade de pertencer,quando se nasce nos Estados Unidosmas se tem origens indianas e muçulmanas,mas vê nisso “uma vantagem” para ohumor que faz e com o qual “qualquermiúdo muçulmano” se pode identificar esaber que “não está sozinho”.Durante a viagem que efectuou pelosEstados Unidos, Aman Ali surpreendeu-secom “o passado muçulmano” do país,desconhecido dos próprios muçulmanos.Dez por cento da população do país professao Islão e os muçulmanos estão emtodos os estados. Só num raio de cincoquilómetros em Nova Iorque encontram--se 135 mesquitas.“Como podemos esperar que os americanossaibam, se nós próprios não sabemosa nossa história? Muitos miúdos que cresceramna América, como eu, sentem quenão pertencem. É por isso que é importantesaber a História, porque finalmentenos sentimos em casa”, explica.Nos Estados Unidos, “a maioria” dosmuçulmanos “são americanos que tambémsão muçulmanos e não muçulmanos americanos”,distingue. “Temos orgulho nanossa fé e religião, mas não andamos apregar, não estamos aqui para converterninguém. Para seres meu amigo, não tensde ser muçulmano, tens é de ser fantásticoem basquetebol, não me faças perderquando te passo a bola, é tudo o que meinteressa”, brinca.Há uma linha que Aman Ali não atravessa:Aman Ali veio a Portugal a convite daEmbaixada dos Estados Unidos e, duranteuma semana, realizou várias sessõesem universidades de Lisboa, Porto eBraga, e visitou locais religiosos muçulmanos,nomeadamente a Mesquita Centrale o Centro Ismaelita de Lisboa.não goza com a religião, seja o Islão, ououtra qualquer. “As pessoas são orgulhosasda sua fé e isso é bonito. Por que haveriade gozar com isso? Não estou a tentar alienaras pessoas, ou chateá-las, quero fazê-lasfelizes”, justifica, comentando o polémicocaso dos cartoons do profeta Maomé, que,garante, “adorava piadas”.Os líderes de todo o mundo, e não só osmuçulmanos, “estão a perder o contacto”com os cidadãos, porque “o poder corrompe”,analisa, confessando ter-se entusiasmadocom as primaveras árabes, masentretanto desiludido com “os retrocessos”.“Belas mudanças aconteceram no Egito,mas olha o que está a acontecer agora. Essaé a minha hesitação… Mas a ideia de aspessoas se levantarem e terem uma voz…foi lindo”, diz, realçando o poder das redessociais para darem “voz a quem não atinha”.Aman Ali segue a máxima “come as youare to islam as it is” e é isso que quer:“dar voz aos sem voz”. E aproveitar paramostrar às crianças que não é por seremmuçulmanas que não “podem sonhar”.* Jornalista da LUSAParalelo n. o 8 | INVERNO 2013/2014 57

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!