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LIVROS[...] O Mar na História, na Estratégia e na Ciência revela uma abordagem multifacetada,‘multidisciplinar, que suscita o alcance de um patamar transdisciplinar sobre a dimensão indissociavelmenteatlântica do mar português e dos seus recursos enquanto factores indutivos de crescimento económicoe desenvolvimento nacional neste momento de crise prolongada.’da Costa, ao lado do futuro sustentáveldos oceanos no século XXI reflectido porTiago Pitta e Cunha, ou do sonho tornadorealidade de circum -navegação solitária,de Genuíno Madruga, natural daIlha do Pico e vivo representante da maisvelha e melhor tradição do carácter marítimoportuguês, tão naturalmente presentenos Açores.Reflectir sobre o mar português a partirdos Açores, nesta abordagem de largoespectro, induz no leitor uma percepçãogeopolítica deveras interessante, realçandoa inclinação para oeste da emigração e dasrelações transatlânticas em equilíbrio coma inserção política a leste enquanto fronteiraextrema de Portugal e também daUnião Europeia. Com efeito, se tomarmosem consideração o cenário de desenvolvimentodos Estudos do Atlântico emdirecção a outros temas que não somenteos tradicionais da História da Escravaturae da Literatura, como é comum na maioriadas universidades anglófonas, francófonase lusófonas, é possível afirmar quea condição atlântica açoriana se apresentacomo uma alavanca histórica percursorados emergentes estudos estratégicos do atlânticona abordagem da intersecção da naturezae da sociedade, configurando academicamentecomo quase -paradigma “o marcomo desafio para a unidade das ciências”,como observa Viriato Soromenho-‐Marques”.Na verdade, a dimensão do mar português,mesmo sem a extensão da plataformacontinental, é colossal em comparaçãonão só com o nosso território continentale insular mas também com os territóriosmarítimos de outros países muito maiorese economicamente potentes que Portugal.Esta situação confere -nos um elevadopotencial de recursos ainda por inventariare seguramente nos põe enquanto Naçãovelha de nove séculos perante o desafiode assumirmos plenamente o mar comoconceito estratégico nacional. Isto significanecessidade de investimento, tecnologiae conhecimento e de parceriasestratégicas com quem possamos encontrarinteresses mútuos para responder aesse desafio. Nesta visão os Estados Unidosestão precisamente na primeira linha dohorizonte.Ricardo Serrão Santos lembra que “aUniversidade dos Açores é a única universidadeportuguesa que gere um navio deinvestigação” e Fernando Barriga diz -nosque “a era da mineração submarina estáprestes a começar e apenas conhecemoscinco por cento dos fundos marinhos”.Somos pois levados a pensar que há muitoa fazer, mas também que a Ciência avançahoje a um ritmo tal que, no futuro, nospoderá trazer a possibilidade de termos umaproveitamento económico do mar queprojecte Portugal para fora da prolongadacrise que sofremos. Com consciência histórica,visão estratégica e ciência, é esseânimo que adquirimos ao lermos o presentelivro que a FLAD em boa hora tornourealidade, como aconteceu com o sonhode Genuíno Madruga, marinheiro portuguêsdo século XXI.Para colocar os Açores no mapa dos debatessobre estratégia e política internacionalfoi fundado, em cooperação com oGoverno Regional dos Açores, o FórumAçoriano Franklin D. Roosevelt, com periodicidadebienal.A denominação visa homenagear a figurade Franklin D. Roosevelt e o seu papeldecisivo nas relações euro-atlânticas.O primeiro Fórum teve lugar em PontaDelgada, em Julho de 2008, comemorandoos 90 anos da escala de Roosevelt nosAçores (São Miguel e Faial), quando viajourumo à Europa na qualidade de Secretárioda Marinha do Governo do PresidenteWilson, em 1918. O tema principal doI Fórum foi “As Relações Transatlânticasna Opinião Pública Europeia e Americana”.A segunda edição decorreu na Terceiraem Abril de 2010. O Fórum debateu questõesprementes na agenda transatlântica,a evolução histórica da relação Europa‐‐EUA, e o papel geopolítico do Atlântico edos Açores ao longo do último século.O III Fórum Franklin D. Roosevelt foidedicado ao “Mar na Perspectiva daHistória, da Estratégia e da Ciência” edecorreu na Horta, em 2012.* Professor do ISCSP – ULCoordenador do projecto A Extensão da PlataformaContinental: Implicações Estratégicaspara a Tomada de Decisão (FCT, CAPP – ISCSP – UL,Marinha, ESRI Portugal)Paralelo n. o 8 | INVERNO 2013/2014 73