12.07.2015 Views

6Irtvzw2A

6Irtvzw2A

6Irtvzw2A

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

POLÍTICAMais atenção à NATOPOR MIGUEL MONJARDINOA Síria diz-nos como é que a NATO está a mudar.Olhamos para Damasco como um problema estratégicodo Médio Oriente. E é. Mas a maneira comoos líderes e as opiniões públicas europeias têm faladosobre este difícil problema, diz-nos muito sobrea actual contribuição do Velho Continente para aAliança Atlântica.‘ Por um lado, não há nenhuma crise políticaentre europeus e norte-americanos na NATO.Por outro, há complacência do nosso lado.A NATO está a atrofiar silenciosamenteno Velho Continente.’Um dos objectivos do euro foi tornar a Europamais poderosa e influente a nível internacional. Parauns, o euro permitiria à Europa ser uma alternativaestratégica a Washington. Para outros, era o melhorcaminho para fortalecer a NATO e equilibrar a relaçãotransatlântica com os EUA e o Canadá. Uma uniãoeconómica e monetária permitiria criar mais riquezanos países europeus, melhorar as forças armadase responder aos principais problemas de segurançainternacional.O primeiro sonho nunca passou disso mesmo.Mas será que o segundo é realista? Dito de outraforma, será que na próxima década vamos conseguirque Washington continue a olhar para a NATOcomo a principal aliança a nível da segurança internacional?Na conferência “Portugal Europeu.E agora?” promovida pela Fundação FranciscoManuel dos Santos em Lisboa, Carlos Gaspar, assessordo Instituto de Defesa Nacional, e AnandMenon, professor no King’s College em Londres,chamaram a atenção para um paradoxo. Por umlado, não há nenhuma crise política entre europeuse norte-americanos na NATO. Por outro, há complacênciado nosso lado. A NATO está a atrofiarsilenciosamente no Velho Continente.Há duas razões para isto. Começando pelo TransatlanticTrends 2013 divulgado esta semana pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, o relatório doGerman Marshall Fund diz-nos que a maioria doseuropeus e dos norte-americanos continua a achar aNATO essencial. Mas também nos diz que as opiniõespúblicas olham para a organização cada vez mais comouma comunidade de democracias atlânticas e menoscomo uma organização de segurança e defesa. À primeiravista isto parece uma coisa agradável, quasesentimental. O problema é que a estratégia não é umaarte muito dada à sentimentalidade. Especialmente emWashington.Isto leva-me ao segundo ponto. Como é que vaiser possível garantir o futuro da NATO nas actuaiscircunstâncias políticas e manter a credibilidademilitar das forças armadas europeias em Washington?Voltando ao Transatlantic Trends, o relatório mostra queo que preocupa as sociedades europeias não é a suavulnerabilidade ou sequer os seus interesses estratégicosa nível regional ou internacional mas sim ainjustiça dos seus sistemas políticos e económicosna distribuição das oportunidades e da prosperidade.Oscilamos entre as reformas a nível domésticoe a necessidade de mais integração para ultrapassaros problemas da zona euro. A segurança e defesapassaram do centro para as margens do debate políticosem quase toda a Europa.Estamos a fazer uma transição silenciosa da relevânciapara a irrelevância estratégica. É tempo depensarmos no que é que isto significa para a NATO,os nossos interesses e valores.Texto publicado no Expresso a 21 de Setembro de 2013Paralelo n. o 8 | INVERNO 2013/2014 17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!