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LIVROSUm Observador Observadotradução e comentáriode um texto de Silas Weston.Ensaios de Carlos Riley, Ricardo Madrugada Costa e Leonor Sampaio da Silva.Núcleo Cultural da Horta (NCH) com oapoio da Fundação Luso-Americana, 2013Um viajante etrês observadoresPOR MARINA ALMEIDA*Há uma imagem que envolve a capa deUm Observador Observado e retém o leitor.A montanha do Pico quase naif, quasetosca, mas – sabemo-lo – imponente erija. E, no virar da contracapa, aqueles queparecem pequenos barquinhos pairandosobre o Canal. Foi num como estes, denome Perseverance, que em 1855 chegouSilas Weston às chamadas ilhas ocidentais,os nossos Açores.Desafia-nos o folhear deste livro a sabermais sobre a imagem. Uma reproduçãodo magnificente Panorama de Russell &Purrington – um pano de 400 metros decomprimento por 2,5 de altura – que estáagora no New Bedford Whaling Museum,nos EUA. A tela foi desenhada por BenjaminRussell, baleeiro, e pintada, já em terrafirme, a meias com Caleb Purrington. Umaobra de arte para desenrolar publicamente,feita cinema, para ver devagar. Retenhamo-‐nos, pois, nesta toada.Era assim que se chegava aos Açores, torrõesde lava que saíram das profundezasda terra trespassando o mar. SilasWestondemorou-se uns “dezassete longos dias” abordo do Perseverance antes de vislumbrar asFlores e o Corvo. Já o americano suspiravapor terra e, acima de tudo, por água – talcomo os que o acompanhavam nesta viagemcom escala de onze dias nos Açores edestino a Cabo Verde. “Isto vai ser umluxo”, exclamou alguém no início dorelato de Weston à chegada às ilhas. Estavao grupo “fartíssimo” dasagruras do oceano queacabava mais devagar doque os livros que comeles embarcaram e doque a sobrante indolênciaflutuante.É Silas Weston quem dá a voz àquelepunhado de gente que se vê no porto da“Villa da Horta”, nos procedimentos sanitáriosnecessários para não disseminarpragas estrangeiras. Já prontos para pôr ospés em terra firme, chegam a bordo “trêsnativos” com fruta e “chapéus de palhagrosseiros” que os viajantes não tardarama regatear. A fruta, que “chegou na alturacerta e era deliciosa”, vitaminou-os paraos dias seguintes.Silas Weston escreveu, no regresso a casa,“Visita a um Vulcão ou o que eu observeinas Ilhas Ocidentais”. Uma escrita limpaque nos traz as impressões muito vivas deum viajante que chega no século XIX aosAçores. Com o normal choque de culturas,por vezes alguma sobranceria e o deslumbreabsoluto em dois momentos: a descidaà caldeira do Faial e a subida à montanhado Pico, onde, acima das nuvens, sentiu o‘Uma escrita limpa que nos traz as impressõesmuito vivas de um viajante que chegano século XIX aos Açores.vapor do vulcão que saía das rochas sobos seus pés.Foi Carlos Guilherme Riley quem achoueste texto de Silas Weston, agora publicadoneste Um Observador Observado. Este éum livro com muitos livros dentro, queo Núcleo Cultural da Horta acaba de editarcom o apoio da FLAD. Uma edição deenorme riqueza. O relato de Weston –que corre, paralelo em português e eminglês, sem descuidar a reprodução dacapa original –, a história de Weston peloseu descobridor, o minucioso CarlosRiley, as contingências da tradução e daescrita da época, pela adoradora de palavrasLeonor Sampaio da Silva, e a vidainsular à época, respirada por RicardoMadruga da Costa. Não falta aqui nada.A não ser parar o nosso tempo para, devagar,desenrolar este livro.*Jornalista do DN’Paralelo n. o 8 | INVERNO 2013/2014 71

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