O número de mulheres com AIDS, no Brasil, vem aumentando,significativamente, <strong>ao</strong> longo dos anos. Acreditamos que a pesquisa reforça os <strong>da</strong>dosdo Boletim Epidemiológico correspondente <strong>ao</strong> período de Julho de 2009 a junho de2010, mostrando que a relação entre homens e mulheres passou de 40:1, em 1983,para 1,6:1 em 2009, ou seja, 16 homens infectados para ca<strong>da</strong> 10 mulheres.(BRASIL, 2011)Para <strong>adesão</strong> <strong>ao</strong> tratamento, alguns autores apontam que o sexo masculinotem sido mais associado com a não-<strong>adesão</strong> e que as mulheres têm faltado <strong>ao</strong>acompanhamento clínico e esquecido maior número de doses <strong>da</strong> medicação. Estadiferença seria explica<strong>da</strong> pelo fato de que as mulheres precisam administrar asrotinas familiares e os cui<strong>da</strong>dos com as crianças, esquecendo-se de si mesmas.Quando são adota<strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s, visando minimizar os encargos <strong>da</strong>s mulheres, hámelhora imediata <strong>da</strong> <strong>adesão</strong>. (COLOMBRINI, M.R.C, LOPES, M.H.B.M,FIGUEIREDO, R.M, 2006; TEIXEIRA, P.R, PAIVA, V, SUIMA, E, 2000)Notamos, a partir <strong>da</strong> tabela 1, que a frequência maior está nos sujeitos entre38 e 47 anos (37%). Esses <strong>da</strong>dos estão bem próximos dos divulgados peloMinistério <strong>da</strong> Saúde em 2010, onde a faixa etária de 40 à 59 anos possui 37,9% docasos registrados, segui<strong>da</strong> pela faixa entre 30 e 39 anos, com 33,8%, e 20 e 29anos, com 21%. (BRASIL, 2011)O que também nos chama a atenção é a faixa etária de 18 a 27 anos, poiscorresponde a uma faixa etária sexualmente ativa, cuja apresentação nessa amostraestá equivalente <strong>ao</strong> de indivíduos entre 58 e 67 anos. A frequência de casos nestaúltima está em crescimento constante nos últimos anos, fato que pode ser causadopela disponibili<strong>da</strong>de e facili<strong>da</strong>de de acesso a recursos que contribuem para uma vi<strong>da</strong>sexual mais ativa. É uma faixa etária que iniciou suas relações sexuais sem a74
existência dessa doença e que hoje se encontra num momento diferenciado, comdiversas informações e dificul<strong>da</strong>des de prevenção à doença. (BRASIL, 2012)Segundo <strong>da</strong>dos do Ministério <strong>da</strong> Saúde, em 2009, os indivíduos entre 4(quatro) e 7 (sete) anos de estudo (Ensino Fun<strong>da</strong>mental) correspondem a 25,1% dototal, seguido dos indivíduos entre 8 (oito) e 11(onze) anos com 30% e os com 12(doze) anos ou mais correspondendo a 7,6% do total. (BRASIL, 2011). Esses <strong>da</strong>dosnos mostra que os sujeitos possuem uma escolari<strong>da</strong>de de baixa a regular, o quepode influenciar no processo de entendimento e adequação às propostasterapêuticas.Esses <strong>da</strong>dos auxiliam no processo de planejamento <strong>da</strong>s ações, para estimulare facilitar a <strong>adesão</strong>. As habili<strong>da</strong>des de interpretação e entendimento estãodiretamente liga<strong>da</strong>s à escolari<strong>da</strong>de. Segundo o Ministério <strong>da</strong> Saúde, a baixaescolari<strong>da</strong>de, habili<strong>da</strong>des cognitivas insuficientes para li<strong>da</strong>r com as dificul<strong>da</strong>des e asexigências do tratamento são fatores que podem dificultar a <strong>adesão</strong> <strong>ao</strong> tratamento<strong>da</strong> aids. “É muito importante que o cliente enten<strong>da</strong> seus horários, a quanti<strong>da</strong>de decomprimidos/cápsulas que deve ser ingeri<strong>da</strong>, em ca<strong>da</strong> dose, de modo a nãoconfundir seus medicamentos e fazer uso inadequado.” (BRASIL, 2008b, p.21)Em um estudo realizado com 61 clientes com aids, no Hospital de Clínicas <strong>da</strong>UNICAMP, constatou-se, dentre outras afirmações, que a escolari<strong>da</strong>de possuiinfluência direta na aderência <strong>ao</strong> tratamento, visto que no grupo de clientespesquisado, em que houve acerto do emprego <strong>da</strong> prescrição médica, a média deanos de estudo foi de 8,4 anos, significativamente maior que a do grupo em quehouve erro, que foi de 6,6 anos. (FIGUEIREDO, R.M, SINKOC, V. M, TOMAZIM,C.C, 2001)75
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