INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS
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13. É clássico aquilo que tende a relegar as atualidades à posição de barulho de<br />
fundo, mas ao mesmo tempo não pode prescindir desse barulho de fundo.<br />
14. É clássico aquilo que persiste como rumor mesmo onde predomina a<br />
atualidade mais incompatível.<br />
O escritor deixa seu leitor livre para se posicionar, falar, escolher, decidir o que fará<br />
parte da estante designada aos seus clássicos. É uma postura extremamente aberta e<br />
conciliadora: não impõe hegemonicamente seu ponto de vista, ao perceber a quantidade<br />
de obras em contato com o leitor.<br />
E Calvino fecha seu texto dizendo:<br />
Agora deveria reescrever todo o artigo, deixando bem claro que os clássicos<br />
servem para entender quem somos e aonde chegamos(...)<br />
Depois, deveria reescrevê-lo ainda mais uma vez para que não se pense que os<br />
clássicos devem ser lidos porque “servem” para qualquer coisa. A única razão que se pode<br />
apresentar é que ler os clássicos é melhor do que não ler os clássicos.<br />
E se alguém objetar que não vale a pena tanto esforço, citarei Cioran (não um clássico, pelo<br />
menos por enquanto, mas um pensador contemporâneo que só agora começa a ser traduzido<br />
na Itália): “enquanto era preparada a cicuta, Sócrates estava aprendendo uma ária com a fl auta.<br />
‘Para que lhe servirá?’, perguntaram-lhe. ‘Para aprender esta ária antes de morrer’”.<br />
Para ler o texto na íntegra, consulte o site:<br />
http://www.lumiarte.com/luardeoutono/calvino.html<br />
Revendo a noção de “literatura”<br />
A seguir, teremos um texto fazendo um breve panorama sobre o que se convencionou<br />
no Brasil como sendo Literatura Marginal. O leitura de obras neste texto, no entanto, vai<br />
até o início dos anos 80.<br />
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