REVISTA SCIENTIA Nº 11
A revista Scientia em seu número 8 traz artigos na área de engenharia, gestão e direito, com foco em pesquisas que resultaram em artigos tanto em nível de graduação quanto de pós-graduação. O propósito de difusão de conhecimento de um periódico científico deve ser cumprido na medida que se abre para temáticas relevantes e interdisciplinares, promovendo o diálogo entre temas e áreas diferentes, com aportes metodológicos também variados para compor a riqueza epistemológica e o seu valor como produção de conhecimento.
A revista Scientia em seu número 8 traz artigos na área de engenharia, gestão e direito, com foco em pesquisas que resultaram em artigos tanto em nível de graduação quanto de pós-graduação. O propósito de difusão de conhecimento de um periódico científico deve ser cumprido na medida que se abre para temáticas relevantes e interdisciplinares, promovendo o diálogo entre temas e áreas diferentes, com aportes metodológicos também variados para compor a riqueza epistemológica e o seu valor como produção de conhecimento.
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Daniel Souza Andrade; Hilda Costa dos Santos Talma<br />
Numa comunidade rigidamente estratificada, o pesquisador, identificado com<br />
determinado estrato social, poderá experimentar grandes dificuldades ao tentar<br />
penetrar em outros estratos. Mesmo quando o pesquisador consegue transpor as<br />
barreiras sociais de uma camada a outra, sua participação poderá ser diminuída pela<br />
desconfiança, o que implica limitações na qualidade das informações obtidas. Nas<br />
comunidades menos estratificadas, o problema de identificação com determinado<br />
segmento social é bem menor. Mas, mesmo assim, o pesquisador tende a assumir uma<br />
posição dentro de um grupo social, o que também implica a restrição da amplitude de<br />
sua experiência (GIL, 2008, p. 104).<br />
Este estudo foi realizado em duas comunidades próximas, porém, com diferentes<br />
características e, por isso mesmo, o pesquisador conseguiu se integrar mais a uma que a outra.<br />
No decorrer da implementação do projeto, Capanema se mostrou uma comunidade mais aberta,<br />
com um maior número de mulheres com potencial de liderança e mais disposta a discutir e<br />
compartilhar os seus problemas com outros atores. Trata-se de uma comunidade basicamente<br />
extrativista, formada por um conjunto de casas construídas uma ao lado da outra às margens do<br />
manguezal.<br />
Já Baixão do Guaí se mostrou mais fechada, tendo a liderança forte de uma única família<br />
que, muitas vezes, prefere resolver as suas questões internamente. Baixão é uma comunidade<br />
quilombola já certificada, formada por um número menor de famílias que vivem em casas mais<br />
distantes e isoladas. Por conta dessas diferenças, foi mais fácil diagnosticar e buscar soluções<br />
para os problemas que surgiram durante o trabalho, inclusive, problemas de relacionamento<br />
interpessoal, na comunidade de Capanema.<br />
Outro aspecto fundamental da metodologia utilizada no desenvolvimento do trabalho<br />
foi a dimensão “participação”. Métodos participativos foram utilizados em todas as esferas e<br />
etapas de construção, desde a organização de uma atividade ou evento, até na tomada de<br />
decisões mais importantes, como na criação de regras de conduta do grupo e elaboração de<br />
cronograma de trabalho. Nas fases iniciais, o grupo realizava as tarefas na companhia do<br />
coordenador da campanha ou por solicitação dele, mas sempre estimuladas a ganhar autonomia<br />
e agirem por conta própria. Depois de um tempo, as marisqueiras ganharam confiança e<br />
passaram a assumir e realizar tarefas sozinhas como, por exemplo, fazer a coleta de sementes,<br />
limpeza das ostras e troca de travesseiros, receber parceiros nas comunidades, e resolver<br />
assuntos administrativos da associação.<br />
Em termos mais práticos, segundo (STRINGER,1999), a participação é mais efetiva<br />
quando: (a) possibilita significativo nível e envolvimento; (b) capacita as pessoas na<br />
realização de tarefas; (c) dá apoio às pessoas para aprenderem a agir com autonomia;<br />
(d) fortalece planos e atividade que as pessoas são capazes de realizar sozinhas; (e)<br />
lida mais diretamente com as pessoas do que por intermédio de representantes ou<br />
agentes (THIOLLENT, 2007, p. 95).<br />
ISSN 2525-4553 Revista Scientia, Salvador, v. 4, n. 3, p. <strong>11</strong>-28, set./dez. 2019.<br />
http://uniceusafacsal.com.br/scientia<br />
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