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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Sada Ali 137

Um rosto angelical encobrindo um corpo surreal, como lhe haviam

dito uns tantos outros Senhores Durvais a cruzar seu caminho. Alguns

afáveis, outros grosseiros; uns atentos às suas dores, outros voltados

apenas aos próprios anseios.

Apenas um a fizera se emocionar, apenas um se fizera digno de registro

numa memória que ainda hoje vinha a acalentá-la. Ainda se recorda

da maior sensação de prazer que alguém jamais poderia ter lhe

proporcionado. Visitava sua casa quando, singelamente, a convidara a

dançar. Assustara-se. Corpo imperfeito, prostituta. Era só para a cama.

Recusa-se. Ele insiste e o disco de vinil ecoa na vitrola. A música invadira

o ambiente, ecoara romanticamente pelo quarto, penetrara em seu

coração e retumbara em seus sentidos...

O dono da perfeita voz a ecoar na sonata, sem se atentar à ignorância

daquela que nunca antes o havia ouvido, emociona e a desperta

para a alegria que também poderia ser o viver.

A música, dominando seus receios, lhe conferia a pureza dos anjos.

O tal Charles magicamente a transportara ao paraíso onde os seus defeitos

diagonais e paralelos simplesmente inexistiam.

Momento único.

Durante os minutos em que ecoara o vinil, ele a fizera sentir-se

perfeita e íntegra. Ele a fizera esquecer-se do refrão que, vida afora, a

acompanhara:

Lá vem a Beleza Torta... Lá vem a Teresa Torta...

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