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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Thaís Mendes Moura Carneiro 141

ria, teve ajuda de um carregador emprestado por uma jovem solidária

no aeroporto. Não resolveu: eu não conseguia fazer ligações. Dei um

jeitinho para usar o orelhão e avisar a hospedagem que eu atrasaria um

bocado. Isso resolvido, lá fui eu entender as medidas a serem tomadas

pela companhia aérea e, na imprecisão das informações, decidir esperar,

nem que fosse madrugada afora, as malas serem liberadas.

Passadas três horas, consegui pegar a minha mala e seguir para minha

hospedagem. Depois disso, eu nunca mais despachei bagagem e

aprendi o significado de viajar leve, usando apenas uma mala de mão.

Reservei uma cama em um albergue simples da cidade, no bairro da

Recoleta, um dos representantes da classe média alta de lá. Logo quando

cheguei, fiquei confusa com a entrada e, mais ainda, quando não

percebi o elevador e tentei levar a minha mala gigantesca escada acima.

O recepcionista, um fofo, veio ao meu auxílio.

Ele me deixou fazer o check-in no dia seguinte. Afinal, eu precisava

arranjar o dinheiro, mas não contei a ele. A gentileza foi por conta do

avanço do horário e o meu cansaço. Fui para o quarto e foi uma das

noites mais frias que já passei. A pior foi o acampamento que realizei

em uma comunidade indígena, mas eu conto essa história em outro

momento. Em meio à escuridão, fui ao banheiro e pisei em algo gelado

e viscoso. Não dei bola; no dia seguinte percebi que a minha roomate

havia vomitado na porta do banheiro. Acordei e não havia água quente

no quarto. O frio se devia ao aquecedor desligado. Terceira turbulência

de viagem (ou quarta)?

Tomei um café da manhã com um pãozinho duro e uma porção de

doce de leite. No rádio — sim, no rádio — tocava Juanes.

Y para tu amor que es mi tesoro, Tengo mi vida toda entera a tus pies.

Eu não sabia bem o porquê de estar ali; minha angústia aumentava

em cada passo dado em falso.

Y para tu amor que me ilumina, Tengo una luna, un arco iris y un clavel.

Era uma das minhas músicas preferidas, na minha cidade preferida

na vida e com uma sensação de humilhação engasgada na garganta.

Ao fim e ao cabo, eu sabia que a minha dor era a minha libertação. Eu

precisava viver isso.

Saí emburrada de lá, à procura de um locutório. Eu precisava avisar

à minha mãe que eu estava bem. Para quem não a conhece, ela sem-

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