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COLETÂNEA ELAS NAS LETRAS

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição. O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015, a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz», beneficiária da venda da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016. As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC. Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

A «ELAS nas Letras» nasce da iniciativa da Pastoral da Mulher Marginalizada de realizar uma incursão na Literatura, para além de sua militância em prol das mulheres em situação de violência, abandono e prostituição.
O modelo da coletânea segue o projeto «Antologias Solidárias», comandado pela escritora
Sada Ali, cujos primeiros parceiros foram, em 2015,
a Academia Barretense de Cultura (ABC) e a Casa Transitória «André Luiz»,
beneficiária da venda
da 1ª edição das Antologias Solidárias, em 2016.
As «Antologias» seguintes foram lançadas em Ribeirão Preto, junto à UGT (Memorial da Classe Operária) e em Barretos, junto ao Fundo Social de Solidariedade, além de mais uma obra em parceria com a ABC.
Agora é hora das mulheres assumirem, mais uma vez, o protagonismo e, através das letras, deixarem sua mensagem de empoderamento e luta.

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Adalgisa Borsato

Gêmeas, Jocilene e Rosiclei nasceram após o extermínio do bando

de Lampião e Maria Bonita, no Nordeste brasileiro.

Sertão árido, não produzia nada além de cactos e macaxeira para

alimentar as cabras. Carcaças de gado riscavam o agreste de branco.

Mercedes sofria no crescimento das filhas; se esgotou amamentando e

cuidando. A família criava cabras e trabalhava na plantação de feijão,

que esperava chuva.

O pai e a mãe contavam às meninas as histórias do bando de Lampião,

exaltando o papel de Maria Bonita, que acompanhava o companheiro

lutando de igual para igual. Diziam e repetiam que Lampião

havia se transformado num bandido em defesa dos mais humildes explorados

pelos proprietários de terras.

Falavam para as meninas que no agreste a vida não facilita, tem que

lutar, tem que brigar...

O pai, Severino, havia pego um alqueire de terra para trabalhar à

meia. Os donos levavam quase tudo quando a família conseguia colher

alguma coisa. Cansado da lida, Severino foi embora para a região Sudeste

onde tudo parecia melhor para viver. Prometeu voltar para buscar

a família.

Jocilene e Rosiclei tiveram a primeira perda: o pai, que julgavam ser

tão herói quanto o Rei do Cangaço das histórias que ouviam.

Mas ainda restava a heroína que as protegiam dos males do sertão

sem fim: a mãe.

Moravam numa casinha de adobe. No fogão a lenha, o fogo lerdo

cozinhava alguns grãos de feijão e aquecia um bule com café.

As meninas viviam isoladas de tudo, das vilas e das grandes cidades.

Aprendiam com a mãe coisas domésticas como cozinhar, fazer crochê

e bordar.

A água vinha de um riacho bem distante, sempre ameaçando secar.

Buscar a água e colher macaxeira era necessário.

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