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Edição de 3 de maio de 2021

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mercado<br />

Profissionais avaliam diferença<br />

salarial entre homens e mulheres<br />

Projeto <strong>de</strong> lei que prevê multa para a empresa que pagar salário diferente<br />

a homem e mulher com mesma função voltou à Câmara dos Deputados<br />

Fotos: Divulgação<br />

Camila Moletta e Laura Florence, da More Grls, criticam a cultura da indicação<br />

KELLY DORES<br />

Apesar <strong>de</strong> ter voltado para a<br />

Câmara dos Deputados <strong>de</strong>vido<br />

à alteração do texto no Senado,<br />

o projeto <strong>de</strong> lei que prevê<br />

multa para empregador que pagar<br />

salário diferente a homens<br />

e mulheres que exercem a mesma<br />

função levantou discussões<br />

e movimentou os bastidores do<br />

governo. O presi<strong>de</strong>nte Jair Bolsonaro,<br />

que já estava com o PL<br />

em mãos para vetar ou sancionar,<br />

chegou a comentar sobre o<br />

projeto em uma das suas lives e<br />

pediu a opinião dos seus seguidores.<br />

Mas, afinal, o que a proposta<br />

representa para o mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho, incluindo o <strong>de</strong> comunicação?<br />

Qual será o impacto,<br />

caso seja aprovada?<br />

“O PLC 130/2011 confere proteção<br />

adicional, já que prevê<br />

multa específica para discriminação<br />

salarial por gênero. Assim,<br />

uma empresa que remunera <strong>de</strong><br />

forma distinta homens e mulheres<br />

que exercem as mesmas<br />

funções <strong>de</strong>verá reparar a pessoa<br />

prejudicada não apenas pagando<br />

a diferença salarial ou uma<br />

in<strong>de</strong>nização por dano moral,<br />

mas adicionalmente, uma multa<br />

<strong>de</strong> até cinco vezes a diferença registrada”,<br />

explica Gabriela Machado,<br />

advogada da More Grls.<br />

A advogada lembra que já<br />

existem proteções legais sobre<br />

discriminações salariais, pois<br />

tanto a Constituição Fe<strong>de</strong>ral<br />

como a Consolidação das Leis<br />

do Trabalho (CLT) proíbem diferença<br />

<strong>de</strong> salários, <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong><br />

funções e <strong>de</strong> critério <strong>de</strong> admissão<br />

por motivo <strong>de</strong> sexo, ida<strong>de</strong>,<br />

cor ou estado civil. No entanto,<br />

sabemos que apesar das previsões<br />

na Constituição e na CLT, o<br />

Brasil não foi capaz <strong>de</strong> diminuir<br />

a disparida<strong>de</strong> salarial entre homens<br />

e mulheres.<br />

“Dentre vários motivos sob<br />

o ponto <strong>de</strong> vista jurídico, po<strong>de</strong>mos<br />

<strong>de</strong>stacar dois <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

prática: (1) as mulheres prejudicadas<br />

têm medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r<br />

o emprego caso questionem a<br />

discriminação judicial ou administrativamente<br />

e (2) as penalida<strong>de</strong>s<br />

previstas na CLT, por<br />

serem brandas, compensam a<br />

infração à lei. O projeto <strong>de</strong> lei<br />

busca resolver o segundo caso.<br />

Com uma punição mais rigorosa,<br />

é possível que ocorram<br />

Paula Molina, da WMcCann, afirma que agência busca promover a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero<br />

avanços na equiparação salarial<br />

por gênero”.<br />

A equiparação salarial é<br />

ponto central para estimular<br />

a entrada e a manutenção das<br />

mulheres nas suas carreiras.<br />

Essa questão não é diferente no<br />

mercado publicitário. Em 2019,<br />

o PROPMARK e a More Grls fizeram<br />

uma pesquisa que mostrou<br />

que as mulheres ocupam 46%<br />

dos cargos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança. A <strong>maio</strong>ria<br />

está concentrada em cargos<br />

<strong>de</strong> “middle management”, um<br />

total <strong>de</strong> 54%. Ou seja, são gestoras,<br />

mas ainda não estão no<br />

topo da pirâmi<strong>de</strong>. “O cargo <strong>de</strong><br />

CEO nas principais agências do<br />

país é ocupado por apenas 11%<br />

<strong>de</strong> mulheres e 37% em cargos <strong>de</strong><br />

VP e C-level. Outro ponto a se<br />

<strong>de</strong>stacar é que as mulheres ainda<br />

estão concentradas nas áreas<br />

<strong>de</strong> atendimento, com 69%. Já<br />

na criação, elas são apenas 25%.<br />

Mas ainda tem um problema<br />

<strong>maio</strong>r para se discutir: <strong>de</strong> todos<br />

os cargos <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança, apenas<br />

4,3% são ocupados por mulheres<br />

negras”, pontua Gabriela.<br />

A advogada lembra que números<br />

do mundo corporativo<br />

em geral mostram que estamos<br />

andando para trás: a porcentagem<br />

<strong>de</strong> mulheres no mercado<br />

<strong>de</strong> trabalho formal caiu e agora<br />

é a mesma <strong>de</strong> 30 anos atrás. “A<br />

pan<strong>de</strong>mia afetou principalmente<br />

a empregabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mulheres<br />

e questões como diversida<strong>de</strong><br />

ainda são vistas no mercado<br />

corporativo como ações sociais.<br />

Arriscamos um palpite <strong>de</strong> que os<br />

números <strong>de</strong>vem estar piores”.<br />

Camila Moletta e Laura Florence,<br />

cofundadoras da More<br />

Grls, afirmam que a cultura da<br />

indicação ainda é muito forte no<br />

mercado. “Se para chegar num<br />

cargo <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança criativa for<br />

necessário ter trabalhado em<br />

gran<strong>de</strong>s agências, com gran<strong>de</strong>s<br />

clientes e prêmios no portfólio,<br />

como as pessoas que historicamente<br />

tiveram menos oportunida<strong>de</strong>s<br />

entram nessa bolha?”,<br />

questionam.<br />

Sobre a importância da diversida<strong>de</strong><br />

para os negócios, elas<br />

reforçam que a relação entre lucrativida<strong>de</strong><br />

e presença <strong>de</strong> uma<br />

li<strong>de</strong>rança diversa aumentou nos<br />

últimos tempos. “Em 2019, uma<br />

empresa com li<strong>de</strong>rança mais diversa<br />

apresentava 36% a mais<br />

<strong>de</strong> lucro segundo o relatório<br />

18 3 <strong>de</strong> <strong>maio</strong> <strong>de</strong> <strong>2021</strong> - jornal propmark

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