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ABL-076 - Sonetos e rimas - L... - Academia Brasileira de Letras

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� <strong>Sonetos</strong> e Rimas XV<br />

na exata meta<strong>de</strong> do <strong>de</strong>cênio, <strong>de</strong>monstram o feitio ambivalente na sua bipartição<br />

interna em “Musa dos Vinte Anos” e “Musa Cívica”.<br />

Outro indício do parentesco romântico <strong>de</strong> Guimarães Júnior habita<br />

o seu soneto mais conhecido, o antológico “Visita à Casa Paterna”,<br />

também votado à temática do exílio, que, nesse poema, contudo, se torna<br />

temporal e afina-se menos com Gonçalves Dias do que com Casimiro<br />

<strong>de</strong> Abreu e com o esquecido José Bonifácio, o Moço. No autor da<br />

“Canção do Exílio”, a distância espacial encobre a cronológica, i<strong>de</strong>alizando<br />

o poeta a crença <strong>de</strong> que, ao retornar à pátria, adaptar-se-ia integral<br />

e novamente a ela (aspecto nítido em “Minha Terra”, a começar<br />

pelo pronome no título); ou seja, à supressão do espaço percorrido correspon<strong>de</strong>ria<br />

a eliminação do tempo perdido. Já em Casimiro <strong>de</strong> Abreu,<br />

em poemas como “No Lar”, constata-se que, sob o exílio espacial, escon<strong>de</strong>-se<br />

a passagem irreversível do tempo (corrosão i<strong>de</strong>ntificada inclusive<br />

em “Meus Oito Anos”); o sujeito poético <strong>de</strong>scobre na ruína do<br />

presente a irrecuperabilida<strong>de</strong> do passado. Processo semelhante ocorre<br />

com José Bonifácio, o Moço, – cujo soneto <strong>de</strong> mesmo tema “sem dúvida,<br />

inspirou o outro mais conhecido, <strong>de</strong> Luís Guimarães Júnior” (1920:<br />

225), segundo Afrânio Peixoto e Constâncio Alves, em nota <strong>de</strong> rodapé<br />

à antologia José Bonifácio (o Velho e o Moço) – e com Luís Guimarães Júnior,<br />

comovido ao constatar que, no lar paterno, “chorava em cada canto<br />

uma sauda<strong>de</strong>” (1880: 17). Em “Visita à Casa Paterna”, além disso, a<br />

informação “Rio – 1876” realça a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o retorno à terra natal<br />

remir o tempo escoado.<br />

Românticas também são muitas mulheres <strong>de</strong> <strong>Sonetos</strong> e Rimas. Celebram-se<br />

as donzelas edulcoradas e “mil vezes pura[s]” (1880: 8) pela<br />

cândida evanescência <strong>de</strong> seus atributos: o caminhar (cf. “Incógnita”),<br />

o cabelo (cf. “Tranças Amadas”), a voz (cf. Noturno”), as mãos (cf.<br />

“Mãos <strong>de</strong> Bela”), os pés (cf. “A Borralheira”), os olhos (cf. “Hora <strong>de</strong>

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