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ABL-076 - Sonetos e rimas - L... - Academia Brasileira de Letras

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XX � Luís Guimarães Jr.<br />

vela a Indústria ingente, / Cresce a miséria, e aumenta o vício impuro...<br />

/ Ó milionária Londres indigente!” (1880: 37)), reafirma, ovacionando<br />

a capital do século XIX, a condição passiva e importadora<br />

do continente americano.<br />

A modulação parnasiana surge, além disso, na reconstituição da<br />

história (cf. “No Deserto”) e na encenação <strong>de</strong> um vago exotismo<br />

oriental – ponto comum, aliás, entre as estéticas romântica, parnasiana,<br />

simbolista e <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntista –, enquadrado, por exemplo, nos extensos<br />

e bem-sucedidos poemas narrativos “O Viajante” e em “A Morte<br />

da Águia”, assim como no soneto “Boa Viagem”. Neste texto, rigidamente<br />

organizado em sextilhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cassílabos, o fatal anseio libertador<br />

da ave transforma-se na metonímia da luta incondicional pela liberda<strong>de</strong>,<br />

abeirando-se mais uma vez da poesia social <strong>de</strong> então. Aliás, a<br />

concretização explícita <strong>de</strong> valores e <strong>de</strong> conceitos abstratos, típica da<br />

fábula e do apólogo, é outra marca parnasiana <strong>de</strong> <strong>Sonetos</strong> e Rimas:asrecorrentes<br />

comparações elucidativas no final dos poemas, soldando as<br />

imagens em significados específicos, sustentam a mo<strong>de</strong>ração textual e<br />

impe<strong>de</strong>m o leitor <strong>de</strong> embrenhar-se em divagações interpretativas, garantindo<br />

a priori a objetivida<strong>de</strong> discursiva. Guimarães Júnior proce<strong>de</strong> a<br />

essa esquematização biunívoca, sobretudo, com os animais (cf. “A<br />

Gaivota”, “Os Albatrozes”, “Gazela”, “As Duas Forças”), e, <strong>de</strong>ssa<br />

fauna poética, o integrante mais famoso – embora, neste caso, inexista<br />

a chave alegórica explícita – é, sem dúvida, Veludo, o protagonista <strong>de</strong><br />

“História <strong>de</strong> um Cão”, longo poema narrativo que já foi um dos mais<br />

admirados da literatura brasileira.<br />

João Pacheco divisa ainda no livro o parnasiano “prazer da visão<br />

objetiva” (s/d: 26) na pintura <strong>de</strong> cenas dramáticas, em textos como<br />

“Danúbio Azul” e “Amar e Ser Amada”. Poucos poemas, contudo, ilustram<br />

tão bem a presença do parnasianismo em <strong>Sonetos</strong>eRimasquanto o seu

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