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ABL-076 - Sonetos e rimas - L... - Academia Brasileira de Letras

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� <strong>Sonetos</strong> e Rimas XVII<br />

diária Nera, “esfinge <strong>de</strong> carne”, “belo monstro humano” (1880: 115).<br />

O enfoque do corpo feminino, na linhagem <strong>de</strong>sfiada por Carvalho Júnior,<br />

reforça o império da femme fatale sobre o homem, que, subjugado,<br />

assemelha-se ao “escravo moribundo (...) tentando espedaçar do<br />

pulso as vis correntes”, durante o incêndio em Roma (cf. também “A<br />

Caravana”).<br />

O respeito às mulheres esten<strong>de</strong>-se à vida <strong>de</strong> Guimarães Júnior. No<br />

artigo “As Mulheres na Literatura <strong>Brasileira</strong>”, inserido em Românticos,<br />

Pré-românticos e Ultrarromânticos, Brito Broca comenta a campanha do<br />

poeta em prol da maior participação das mulheres na vida cultural e<br />

narra um episódio emblemático: em 1870, Luís Guimarães ministrou<br />

a conferência “A Nova Legião” no Liceu <strong>de</strong> Artes e Ofícios, apoiando<br />

a presença das mulheres nas letras. Em agra<strong>de</strong>cimento, um grupo <strong>de</strong><br />

senhoras ofereceu-lhe um banquete; ele então discursou: “Vin<strong>de</strong>! O<br />

País está convosco. É hora. Fazei <strong>de</strong>sta Atenas em perigo uma Esparta<br />

reabilitada. Senhoras, curvo-me reverente aos vossos pés... Que digo?<br />

Aperto-vos as mãos <strong>de</strong> homens do futuro” (Apud 1979: 78). Para aferir<br />

na obra o <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>ssa questão, cotejem-se o excerto<br />

anterior e a parte III do poema “Aos Estados Unidos”, sem, todavia,<br />

dispensar a leitura <strong>de</strong> “Ida<strong>de</strong> Média”.<br />

Não só em “Nera”, entretanto, convivem a rocha parnasiana e a lava<br />

romântica; em <strong>Sonetos</strong>eRimas, sobram poemas concernentes ao que po<strong>de</strong>ríamos<br />

chamar <strong>de</strong> um parnasianismo heterodoxo: textos que congregam<br />

ao gozo <strong>de</strong>scritivo uma espécie <strong>de</strong> elucidação alegórica da <strong>de</strong>scrição, fraturando<br />

a objetivida<strong>de</strong> escultural da escola (esculpida, por exemplo, nos<br />

vasos <strong>de</strong> Alberto <strong>de</strong> Oliveira). Exemplo paradigmático <strong>de</strong>ssa configuração<br />

peculiar é o soneto <strong>de</strong> Raimundo Correia “As Pombas” (muito similar<br />

a “Num Terraço”, <strong>de</strong> Luís Guimarães): inicialmente distanciado, na<br />

apreensão fotográfica do voo das pombas, o sujeito poético introjeta-se

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