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ABL-076 - Sonetos e rimas - L... - Academia Brasileira de Letras

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� <strong>Sonetos</strong> e Rimas XIX<br />

(cujos sonetos nem sempre têm os quartetos rimados entre si, observa<br />

Sânzio <strong>de</strong> Azevedo; cf. “Diva”, “O Danúbio Azul”, “Madrugada<br />

na Roça”, “A Noiva”) é encimado, pela notação LÍRICA; eéassim<br />

que, ombreando o entalhamento plástico da natureza, i<strong>de</strong>ntificam-se<br />

textos em que ela se contamina pela subjetivida<strong>de</strong> do poeta<br />

(cf. “A Voz das Árvores”, “As Estrelas”, “As Vozes da Noite”,<br />

“Memórias”), dinamizando-se em convulsões românticas (cf.<br />

“Mata Virgem”, “Idílio”): “Tudo [na natureza] nos causa quebrantos<br />

/ E emoções vertiginosas, / A flor, os astros, os prantos / Das<br />

frontes misteriosas;” (1880: 50). Ou, conforme bem sintetiza João<br />

Pacheco, “ainda que permaneça <strong>de</strong>scritivo, muitas vezes o poeta infun<strong>de</strong><br />

na <strong>de</strong>scrição uma velada melancolia, que a transfigura levemente”<br />

(s/d: 25), como em “Paisagem” e “O Sol no Mar”.<br />

A<strong>de</strong>rindo à musa parnasiana, <strong>Sonetos</strong> e Rimas convocam a Antiguida<strong>de</strong><br />

Clássica, cujo esplendor, porém, é exaltado em negativo, no contato<br />

algo romântico com as ruínas do presente; é o caso, por exemplo, <strong>de</strong><br />

“Roma”, <strong>de</strong> “Coliseu” e da primeira parte <strong>de</strong> “Nera”. O contraste entre<br />

o passado magnânimo e a atualida<strong>de</strong> vestigial representa mais uma<br />

vertente da vocação crítica do livro, que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> tarrafear outras<br />

gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s europeias, como Veneza e Londres (cf. poemas homônimos),<br />

e nem mesmo a cocotte do século XIX, a Ciência (cf. “O<br />

Bom Doutor”). No Velho Mundo, abre-se uma exceção a Paris, capital<br />

<strong>de</strong>slumbradamente enaltecida (“Ei-la! A Cida<strong>de</strong> esplêndida e famosa,<br />

/ A Princesa da Gália, – o triunfante / Empório do Universo!”<br />

(1880: 76)); no Novo Mundo, salvam-se os Estados Unidos, pela in<strong>de</strong>pendência<br />

adiantada e pela supremacia da liberda<strong>de</strong> (cf. “Aos Estados<br />

Unidos”). Entrevê-se aqui outro posicionamento ambíguo <strong>de</strong><br />

Guimarães Júnior: ao mesmo tempo em que festeja a libertação da<br />

América e <strong>de</strong>nuncia a cobiça insidiosa da Europa (“Retine o oiro: –

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