13.04.2013 Views

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>HOMERO</strong> <strong>NUM</strong> <strong>MANUSCRITO</strong> <strong>INÉDITO</strong> 383<br />

mente próximo, mas mais adequado para qualificar referentes inanimados,<br />

como o do significante «muros». Por isso, optou pelo segundo,<br />

reservando o primeiro para referentes animados, como se pode 1er<br />

mais adiante nos conjuntos «virgem forte» e «homens fortes». Todavia,<br />

para esta preferência contribuiu também decisivamente a presença,<br />

na tradução francesa, do qualificativo «lourds» em sequências sintagmáticas<br />

como «lourds de cadavres» (p. 3), «lourdes Keres» (p. 4), «lourd<br />

fardeau» (p. 6), «main lourde» (p. 8), «bouclier vaste et lourd» (p. 55),<br />

«lance lourde, grande et solide» (p. 144), etc.. Note-se ainda, que<br />

esta opção não foi feita logo de início, mas após um período de reflexão,<br />

pois o epíteto aparece entre linhas, como alternativa a «altos», rasurado<br />

no manuscrito e influenciado pelas expressões «hautes citadelles» (p. 23),<br />

«hautes tours» (p. 56), «haute citadelle d'Ilios» (p. 126), «haute Ilios»<br />

(p. 169) e outras. Porém, aquele adjectivo («altos») não aparece<br />

sozinho, mas emparelhado com «negros» e como ele separado do<br />

substantivo a que se refere, por travessão, em posição de relevo — «altos<br />

e negros». Este último, numa primeira fase, precede, no manuscrito,<br />

o substantivo «muros»; depois, foi rasurado e puxado para a frente,<br />

para emparelhar com o primeiro («altos», depois rasurado, como<br />

dissemos, e substituído por «pesados»). Ele foi sobredeterminado<br />

por uma longa série de conjuntos que aparecem na tradução de Leconte<br />

de Lisle, como «noire colère» (p. 4), «nef noire», (pp. 11, 14, 16, passim),<br />

«noire mort» (pp. 43, 44, 147, etc.), «noire poussière» (p. 45), «noires<br />

phalanges» (p. 66), «sang noir» (p. 150) e muitas outros exemplos não<br />

menos pertinentes. Este duplo qualificativo — «pesados e negros» —<br />

é imadiatamente seguido do conjunto sintagmático «no resplendor<br />

da lua», numa oposição contrastiva — escuridão nocturna vs brilho<br />

lunar — que mais faz sobressair, aos olhos do leitor, a imponência<br />

homérica dos muros de Tróia. Tal oposição encontra-se largamente<br />

representada ao longo de toda a Ilíada. Particularmente elucidativo<br />

é o passo seguinte (p. 149):<br />

Et les Troiens, pleins d'espérance, passaient la nuit sur le sentier de la<br />

guerre, ayant allumé de grands feux. Comme lorsque les astres étincellent dans<br />

VOuranos autour de la claire Sélèné et que le vent ne trouble point l'air, on voit<br />

s'éclairer les cimes et les hauts promontoires et les vallées, et que l'Aithèr enfin<br />

s'ouvre au faîte de FOuranos, et que le berger joyeux voit luir tous les astres,<br />

de même, entre les nefs et l'eau courante du Xantos, les feux des Troiens brillaient<br />

devant Ilios. Mille feux brillaient ainsi dans la plaine; et près de chacun,<br />

étaient assis cinquante guerriers autour de la flamme ardente. Et les chevaux<br />

mangeaient l'orge et l'avoine, se tenaient auprès des chars, attendant Eôs au<br />

beau thrône.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!