13.04.2013 Views

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>HOMERO</strong> <strong>NUM</strong> <strong>MANUSCRITO</strong> <strong>INÉDITO</strong> 391<br />

na tradução de Leconte de Lisle: «Celles que nous avons enlevées des<br />

villes saccagées» (p. 5); «tu me menaces de m'enlever la récompense»<br />

(p. 6); «Phoibos Apollon m'enlève Khrysèis (p. 7); «il est beaucoup<br />

plus aisé... d'enlever la parte de celui qui le contredit» (p. 8); «Il n'est<br />

pas permis à Agamemnon... d'enlever au Pèléide la vierge que lui ont<br />

donné les fils des Akhaiens» (p. 9); «Et je... lui donnerai... celle que<br />

je lui ai enlevée» (p. 154); «Et il te donnera ... celle qu'il t'a enlevée,<br />

la vierge Breisèis» (p. 158); «à moi seul il m'a enlevé ma récompense»<br />

(p. 159). Perante tão numerosas ocorrências, em que a iteratividade<br />

enfeixa na mesma isotopia do rapto um leque significativo de passos<br />

hipotextuais da tradução de Leconte de Lisle, mais facilmente se compreenderá<br />

a preferência dada por Eça de Queirós à forma «arrebatara».<br />

Na verdade, esta condensa um longo fragmento do texto homérico,<br />

em que é pormenorizadamente narrada a tentativa do resgate, o discurso<br />

proferido por Crises perante os Aqueus reunidos em assembleia,<br />

o bom acolhimento destes e a atitude agressiva do seu chefe. Todos<br />

estes pormenores, que prejudicariam sem dúvida a coesão unitária<br />

do hipertexto queirosiano, foram omitidos e de alguma maneira substituídos<br />

pela simples forma verbal, a cujo emprego também não é alheio<br />

o código romanesco de Eça de Queirós.<br />

«Criseis, virgem forte de seio resplendecente». O nome da filha<br />

de Crises é, ao lado do etnónimo «Acaios», já analisado, mais uma<br />

prova muito concreta da relação genética que liga os dois textos. Não<br />

passa, com efeito, de uma transliteração rigorosa da forma correspondente<br />

«Khrysèis», que se lê na tradução de Leconte de Lisle. Tratando-se<br />

de um patronímico, a forma correcta seria «Criseida», à<br />

semelhança de «Briseida», também transcrita noutro passo — mas<br />

este não inédito — por «Briseis» (1901: 138). Quanto ao conjunto<br />

«virgem forte», o lexema «virgem» aparece largamente representado<br />

na tradução de Leconte de Lisle: «la vierge Khrysèis» (p. 5); «En effet,<br />

je la préfère à Klytaimnestrà, que j'ai épousée vierge» (p. 13); «la vierge<br />

que lui ont donnée les fils des Akhaiens» (p. 9); «Les Akhaiens aux<br />

sourcils arqués ont conduit la jeune vierge à Khrysè» (p. 13); «irrité<br />

au souvenir de la vierge Breisèis» (p. 39); cf. etiam pp. 154 e 158. Mais<br />

curiosa ainda é a nota sensual conferida à aparência da donzela pelo<br />

sintagma «de seio resplandecente». De matriz nitidamente queirosiana,<br />

foi, no entanto, modelada em muitas outras expressões de estrutura<br />

similar com que Homero mimoseia, com manifesta prodigalidade, as<br />

suas figuras femininas, mortais e imortais: «Athènè aux yeux clairs<br />

(p. 7), «Breisèis aux belles joues» (pp. 7 e 11), «Thétis aux pieds d'argent»

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!