13.04.2013 Views

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

HOMERO NUM MANUSCRITO INÉDITO i

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>HOMERO</strong> <strong>NUM</strong> <strong>MANUSCRITO</strong> <strong>INÉDITO</strong> 409<br />

bres» (p. 177). Luz implícita no brilho metálico, que as trevas da noite<br />

realçam ainda mais, como no seguinte passo em que, depois de se<br />

separar de seu irmão Menelau, Agamémnoa se dirige para a tenda de<br />

Nestor (p. 173):<br />

Et il le touva sous sa tente, non loin de sa nef noire, couché sur un lit<br />

épais. Et autour de lui étaient répandues ses armes aux reflets variés, le<br />

bouclier, les deux lances, et le casque étincelant [...]. Et, s'étant soulevé, la tête<br />

appuyée sur le bras, il parla ainsi à l'Atréide:<br />

— Qui est-tu, qui viens seul vers les nefs, à travers le camp, au milieu de la<br />

nuit noire, quand tous les hommes mortels sont endormis?<br />

À luz deste excerto, de que sublinhámos os elementos mais significativos,<br />

melhor poderemos compreender o texto português. O sintagma<br />

«na sombra da tenda» é uma tradução literal do seu correspondente<br />

«sous la tente», e o predicado «luziam» retoma os referentes de<br />

luz e brilho, expressos na tradução de Leconte de Lisle por conjuntos<br />

como «armes aux reflets variés» e «casque étincelant», e outros que se<br />

encontram dispersos por toda a «Rhapsodie», como : «bouclier éclatant»<br />

(p. 176) e «l'airain brillait comme l'éclair de Zeus» (p. 175). Mas a<br />

luz das estrelas e o brilho metálico das armas são elementos componentes<br />

do mesmo cenário nocturno (p. 182): «Allons! la nuit passe;<br />

déjà Vaube est proche; les étoiles s'inclinent. Les deux premières parties<br />

de la nuit se sont écoulées, et la troisième seule nous reste».<br />

Esta dicotomia trevas vs luz aparece igualmente no texto de Eça<br />

de Queirós. Ao conjunto já citado, «defronte dos muros de Tróia<br />

— pesados e negros no resplendor da luz», junta-se o seguinte: «na<br />

sombra da tenda, luziam os escudos redondos, as espadas de pregos<br />

de prata». Mas, para a composição desta bela frase, foram convocados<br />

outros referentes intertextuais. Assim, o sintagma «escudos redondos»,<br />

para além de corresponder literalmente (excepto na substituição do singular<br />

pelo plural) a «bouclier bombé» (p. 402), apresenta um lexema,<br />

«escudos», larguissimamente representado na tradução de Leconte de<br />

Lisle (cf. pp. 9, 49, 55, 93,125 — quinquies! —173,175,190,402, passim),<br />

o que até se compreende, pois é de um poema bélico que se trata.<br />

Quanto à sequência «as espadas de pregos de prata», é uma tradução<br />

literal, embora pluralizante, como acontece sempre nesta compositio<br />

intertextual de Eça de Queirós —, do francês «Pépée aux clous d'argent»<br />

(p. 21).<br />

No que diz respeito à frase «Os chefes falavam em baixo», temos<br />

de regressar à já convocada «Rhapsodie X», a que se encontra geneticamente<br />

ligada. Com efeito, se é certo que o deíctico «em baixo» se

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!