Legenda Perusina - Editorial Franciscana
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<strong>Legenda</strong> <strong>Perusina</strong> 105<br />
fé e devoção para connosco. 2 Julgo, portanto, que se lhe fizerdes<br />
saber do meu estado, dar-lhe-eis gosto e conforto. Pedi-lhe sobretudo<br />
que vos mande o pano para uma túnica, daquele pano religioso,<br />
cinzento, que fazem os Cistercienses nas regiões de além-<br />
-mar; 3 mande também daquele doce que me preparou tantas vezes,<br />
quando eu ia a Roma». 4 Os Romanos chamam a este doce «mostacciolo»,<br />
feito de amêndoa, açúcar, ou mel, e outros ingredientes.<br />
5 Era a Senhora Jacoba dama mui piedosa e viúva, das famílias<br />
mais nobres e mais ricas de Roma. Pelo mérito e pregação do bem-<br />
-aventurado Francisco, tinha recebido de Deus tantas graças que<br />
parecia outra Maria Madalena, com o dom das lágrimas e da piedade.<br />
6 Estava já escrita a carta, como recomendara o santo Pai, e andava<br />
um Irmão à procura de quem a pudesse levar, quando se ouviu<br />
bater à porta. 7 O Irmão que a foi abrir deu de caras com a Senhora<br />
Jacoba, que de Roma viera apressadamente, para ver o bem-<br />
-aventurado Francisco. 8 Sem perda de tempo foi o Irmão avisar o<br />
Santo, que estava ali a Senhora Jacoba, com seu filho e numerosa<br />
comitiva para o visitar, perguntando: 9 «Pai, que vamos fazer?<br />
Vamos deixá-la entrar e trazê-la até aqui?»<br />
10 Com efeito, por imposição do bem-aventurado Francisco,<br />
fora estatuído outrora naquele convento, que não seria permitida a<br />
entrada nele a mulher alguma, para se conservar nele o respeito e<br />
devoção. 11 Respondeu o bem-aventurado Francisco: «Com esta<br />
Senhora, que movida de tão grande fé e piedade chega de longe,<br />
não se observa esta norma». 12 Levada à presença do bem-<br />
-aventurado Francisco, caiu em copioso pranto. Coisa maravilhosa<br />
de se ver foi que, tal como estava escrito na carta, ela trazia a<br />
mortalha de pano cinzento para a túnica, e tudo o mais. 13 Ao descobrirem<br />
isto, sentiam os frades crescer neles a admiração pela<br />
santidade do bem-aventurado Francisco 61 .<br />
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ao túmulo de S. Francisco. Seu filho João, segundo Celano, foi uma das<br />
testemunhas no Processo de canonização do Poverello.<br />
61 O texto tem boni Francisci, à letra do bom Francisco. Não aparecendo mais<br />
nenhuma vez esta expressão, somos levados a pensar que estes parágrafos sejam de<br />
autor diferente. De notar também que atrás se cita pela primeira vez o nome de Fr.<br />
Leão e Fr. Ângelo.