Legenda Perusina - Editorial Franciscana
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<strong>Legenda</strong> <strong>Perusina</strong> 47<br />
4 Pela doçura e compaixão que todos os dias tirava da meditação<br />
da humildade e exemplos do Filho de Deus, considerava<br />
como grande doçura o que era amargo para o corpo. 5 De tal modo<br />
se condoía, interior e exteriormente, das dores e amarguras que<br />
Cristo sofreu por nós, que não se importava dos sofrimentos que<br />
ele mesmo padecia.<br />
6 Um dia, pouco depois da sua conversão, ia só pela estrada<br />
que passa junto de Santa Maria da Porciúncula e, pelo caminho,<br />
lamentava-se e gemia em altas vozes. 7 Encontrou-se com um homem<br />
espiritual, que nós conhecemos muito bem e nos relatou o<br />
sucedido. Este homem tinha valido muito ao Santo, quando ele<br />
ainda não tinha frades, e assim continuou depois. Perguntou-lhe:<br />
– 8 «Que tens, Irmão?», julgando que ia atormentado com alguma<br />
enfermidade. O Santo respondeu:<br />
– 9 «Assim devia eu percorrer o mundo inteiro, gemendo e<br />
chorando sobre a Paixão do meu Senhor». E este homem pôs-se a<br />
chorar com ele, no meio de abundantes lágrimas.<br />
Como respondeu a um irmão que o aconselhava a ouvir<br />
uma página da Sagrada Escritura para seu conforto<br />
38. 1 A doença dos olhos fê-lo passar por tais sofrimentos que,<br />
um dia, um Ministro lhe disse: 2 «Imão, porque não pedes a um<br />
companheiro para te ler algumas passagens dos Profetas ou outros<br />
capítulos da Sagrada Escritura? A tua alma exultaria no Senhor; e<br />
receberias assim imensa consolação». 3 Sabia que o Santo experimentava<br />
grande alegria no Senhor, quando lhe eram lidas as divinas<br />
Escrituras.<br />
4 Mas ele respondeu: «Irmão, encontro cada dia tal doçura e<br />
consolação na memória e meditação sobre a humildade dos passos<br />
do Filho de Deus neste mundo, que poderia viver até ao fim do<br />
mundo sem que me fosse muito necessário ouvir ler ou meditar<br />
outras passagens da Sagrada Escritura».<br />
5 Repetia a miúdo, e lembrava aos frades, aquele versículo de<br />
David: «Minha alma recusou a consolação». 6 Por isso, querendo<br />
ser, como dizia sempre, exemplo e modelo de todos os frades,<br />
recusava não só os remédios, como a alimentação própria para a<br />
sua doença. 8 Em conformidade com este propósito, foi sempre