Legenda Perusina - Editorial Franciscana
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<strong>Legenda</strong> <strong>Perusina</strong> 111<br />
108. 1 Noutra ocasião, falando da extraordinária santidade de<br />
Frei Bernardo, o bem-aventurado Francisco predisse o seguinte, na<br />
presença de alguns Irmãos: 2 «Digo-vos que Frei Bernardo irá ser<br />
experimentado por alguns dos maiores e mais subtis demónios,<br />
que o hão-de atribular com muitas tentações, 3 mas o Senhor misericordioso,<br />
ao aproximar-se o seu fim, há-de tirá-lo de toda a tribulação<br />
e tentação interior e exterior, concedendo-lhe ao espírito e<br />
ao corpo tanta paz, descanso e consolação, que todos os frades que<br />
tal virem e ouvirem muito se hão-de admirar, e levarão isso à conta<br />
de milagre. 4 Nesta paz, descanso e consolação vai ele passar deste<br />
mundo para o Senhor».<br />
5 Mais admirados ficaram os frades que isto ouviram do bem-<br />
-aventurado Francisco, quando viram realizado à letra, ponto por<br />
ponto, o que ele predissera por inspiração do Espírito Santo. 6 É<br />
que Frei Bernardo, na doença que o levou, andava com tanta paz e<br />
quietude de espírito, que não queria deitar-se; 7 e, quando se deitava,<br />
ficava meio sentado no leito, com receio que os humores lhe<br />
subissem à cabeça, causando-lhe qualquer imaginação ou sonho<br />
que o desviasse do pensamento de Deus. 8 Se tal acontecia, levantava-se<br />
logo, procurava vir a si e dizia: «Como foi isto? Porque é<br />
que estive a pensar nestas coisas?» Para o reanimar, davam-lhe a<br />
cheirar água de rosas. 9 Mas, ao aproximar-se a morte, recusava<br />
este benefício, para estar sempre mergulhado em contínua meditação.<br />
Dizia a quem o tratava: «Não me perturbes».<br />
10 Para morrer mais tranquilo e em serena paz, confiou os cuidados<br />
do corpo a um Irmão que era médico e o tratava, dizendo:<br />
11 «Não quero estar com a preocupação de comer e de beber; fica<br />
isso a teu cuidado. Se me deres, aceito; se não, não». 12 Desde o dia<br />
em que caiu doente, queria ter um irmão sacerdote a seu lado, até à<br />
hora da morte. 13 Quando lhe vinha ao pensamento algo de que a<br />
consciência o repreendesse, logo se confessava e acusava a sua<br />
culpa. 14 Depois da morte, a sua carne tornou-se branca e macia, e<br />
com ar sorridente no rosto. 15 Parecia agora mais belo do que em<br />
vida, e aos que o contemplavam, aprazia-lhes mais vê-lo assim<br />
morto, do que vivo, parecendo-lhes verem um santo a sorrir-lhes.