Legenda Perusina - Editorial Franciscana
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<strong>Legenda</strong> <strong>Perusina</strong> 95<br />
com quem se demorou alguns dias. 2 Daí, foi visitar o Cardeal Leão<br />
de Santa Cruz, homem muito acolhedor e cortês, que dispensava<br />
ao bem-aventurado Francisco especial estima e veneração.<br />
3 Insistiu, com grande devoção, que ficasse alguns dias com ele,<br />
pois era Inverno, o frio insuportável, e a ventania e chuva quase<br />
diárias, como acontece nesta estação.<br />
4 «Irmão, disse o Cardeal, com este tempo não te metas ao caminho.<br />
Espera aqui uns dias, até que ele amaine. Costumo dar de<br />
comer todos os dias a alguns pobres, e tu tomarás o lugar dum<br />
deles». 5 O Cardeal falava assim, porque sabia que o Santo queria<br />
ser sempre recebido como pobrezinho, onde quer que se lhe oferecesse<br />
hospitalidade, não obstante ser de tanta santidade que, tanto<br />
o Papa e Cardeais, como os grandes deste mundo que o<br />
conheciam, o veneravam como santo.<br />
6 O Senhor Cardeal continuou: «Dou-te uma casa a teu gosto,<br />
retirada, onde poderás comer e rezar à tua vontade». Estava com o<br />
Senhor Cardeal Frei Ângelo Tancredo, um dos doze primeiros<br />
frades, que disse ao bem-aventurado Francisco: «Aqui perto, na<br />
muralha da cidade, há uma torre alta e espaçosa, com nove quartos,<br />
onde poderás ficar tão isolado como num ermo».<br />
– 7 «Vamos lá vê-la», disse o bem-aventurado Francisco.<br />
Agradou-lhe o lugar, e veio dizer ao Senhor Cardeal:<br />
– «Senhor, sou capaz de ficar aqui alguns dias convosco».<br />
A proposta deu grande satisfação ao Senhor Cardeal.<br />
8 Frei Ângelo tratou de preparar o lugar, de maneira que o<br />
bem-aventurado Francisco e seu companheiro lá pudessem ficar,<br />
de dia e de noite; porque o Santo não queria sair de lá, enquanto<br />
fosse hóspede do Senhor Cardeal. Frei Ângelo prontificou-se a<br />
levar-lhes a comida, que deixava à porta, porque nem ele nem<br />
outra pessoa deviam lá entrar. Acomodou-se o bem-aventurado<br />
Francisco naquela torre, com o seu companheiro.<br />
9 Na primeira noite em que ele começava a dormir, caíram em<br />
cima dele os demónios e fustigaram-no impiedosamente. Chamou<br />
pelo companheiro, que estava num quarto afastado: «Irmão, acode-<br />
-me». Este apressou-se a ir ver o que se passava. 11 Contou-lhe o<br />
bem-aventurado Francisco: «Muito me bateram os demónios,<br />
Irmão. Quero, portanto, que estejas aqui ao pé de mim, porque<br />
tenho medo de ficar só». 12 Lá ficou o companheiro com ele, toda a