Legenda Perusina - Editorial Franciscana
Legenda Perusina - Editorial Franciscana
Legenda Perusina - Editorial Franciscana
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>Legenda</strong> <strong>Perusina</strong> 41<br />
2 Os frades, já pela festa, já pela visita do Ministro, trataram de<br />
preparar uma boa mesa, ornada de belas toalhas brancas, para o<br />
efeito adquiridas, e guarnecida com copos de vidro para beber.<br />
3 Quando o bem-aventurado Francisco desce da sua cela para<br />
vir comer, e depara com a mesa preparada com tanto esmero,<br />
4 retira-se em segredo, pega no chapéu e no cajado dum pobre, que<br />
nesse dia estava de passagem no convento, faz sinal a um companheiro,<br />
e com ele sai para fora do eremitério, sem que ninguém<br />
desse conta.<br />
5 Entretanto sentaram-se os frades à mesa, porque, como era<br />
hábito, deviam começar a comer, quando ele se atrasava para o<br />
início da refeição. 6 O companheiro fechou-lhe a porta, ficando da<br />
parte de dentro, por detrás dela. 7 Bate o Santo, e apressa-se o<br />
Irmão a abrir. Entra de chapéu caído para as costas, cajado na mão,<br />
como um peregrino.<br />
8 À porta da sala onde estavam os frades a comer, começa a dizer<br />
em voz alta, como costumam fazer os pedintes: «Por amor do<br />
Senhor Deus dai uma esmola a este peregrino, pobre e doente». 9 O<br />
Ministro, que logo o reconheceu, assim como os outros frades, diz-<br />
-lhe: 10 «Nós aqui também somos pobres, e como somos muitos,<br />
precisamos das esmolas que estamos a comer. Mas, por amor de<br />
Deus, que acabas de invocar, aproxima-te, que nós te daremos das<br />
esmolas que o Senhor nos concedeu».<br />
11 Entrou o Santo, e ficou de pé junto à mesa. O Ministro ofereceu-lhe<br />
a própria escudela e um bocado do seu pão. 12 Pegou neles,<br />
e foi sentar-se no chão, junto ao lume, em frente dos frades, que<br />
ocupavam os seus lugares à mesa, sentados nos bancos. Então,<br />
suspirando, começou a dizer: 13 «Quando vi esta mesa aparatosa,<br />
entendi que não era mesa de pobres religiosos que vão todos os<br />
dias pedir esmola, de porta em porta; 14 nós temos que seguir o<br />
exemplo da humildade e da pobreza, mais que os outros religiosos,<br />
porque para isto fomos chamados e o prometemos, diante de Deus<br />
e dos homens. 15 Aqui, sim, me parece que estou sentado como um<br />
verdadeiro frade menor».<br />
—————<br />
de que se serviu. É de notar que era costume chamar ao Natal «Pascha nativitatis»<br />
Páscoa do Natal.