COMO CONHECI A “MINHA” ABI Meu primeiro contato com a <strong>Associação</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Imprensa</strong> foi conseqüência inesperada da violência policial contra a organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res. Aconteceu em outubro <strong>de</strong> 1934, e eu tinha 19 anos. O Brasil fora contempla<strong>do</strong> com uma nova Constituição, que havia si<strong>do</strong> promulgada meses antes. Fui convida<strong>do</strong> para trabalhar no recém-funda<strong>do</strong> Jornal <strong>do</strong> Povo, dirigi<strong>do</strong> por Osval<strong>do</strong> Costa e Aparício Torelly, o Barão <strong>de</strong> Itararé. Muita honra para o jovem foca! Minha primeira tarefa foi a cobertura <strong>de</strong> uma assembléia sindical que <strong>de</strong>veria resultar numa espécie <strong>de</strong> Cut da época. Pois bem: embora plenamente legal, a reunião, realizada num sobra<strong>do</strong> da Rua <strong>do</strong>s Arcos, foi invadida pela Polícia, mal começara. Policiais gritavam que não seriam mais tolera<strong>do</strong>s ataques às autorida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Governo (o que não tinha havi<strong>do</strong>). E começaram a atirar a esmo, dissolven<strong>do</strong> a reunião. Eu, que estava na mesa, fui preso também. Passei por um “corre<strong>do</strong>r polonês”, ao longo <strong>do</strong> qual os famigera<strong>do</strong>s solda<strong>do</strong>s da Polícia <strong>Especial</strong>, <strong>de</strong> boné vermelho, distribuíam pancadas. To<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> foi para a se<strong>de</strong> policial da Rua da Relação, ali perto. Lá fui ficha<strong>do</strong> como comunista. Meu irmão mais velho, Luiz Werneck <strong>de</strong> Castro, já então sócio ativo da ABI (mais tar<strong>de</strong> seu nome foi da<strong>do</strong> a uma sala), prontamente informou ao Presi<strong>de</strong>nte Moses que eu fora preso e espanca<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> no exercício da profissão <strong>de</strong> jornalista e solicitan<strong>do</strong> providências da ABI, visto ser ignora<strong>do</strong> meu para<strong>de</strong>iro. Dizia mais: “Creio que basta a simples enunciação <strong>do</strong> fato para comprovar a enormida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> repressão que o Ministro da Justiça, Senhor Vicente Rao, <strong>de</strong>cidiu pôr em prática ao raiar <strong>do</strong> regime constitucional.” No mesmo dia Moses respon<strong>de</strong>u dan<strong>do</strong> conta das providências tomadas. A solicitação foi atendida, sen<strong>do</strong> eu posto em liberda<strong>de</strong>. Concluía Herbert Moses: “Não obstante reitero o <strong>de</strong>sejo da ABI <strong>de</strong> auxiliá-lo em tu<strong>do</strong> o que for necessário, prestan<strong>do</strong> a seu irmão toda a assistência e solidarieda<strong>de</strong>”. Em conseqüência fui posto em liberda<strong>de</strong>. Mas o rótulo ominoso ficou pelos anos afora, registra<strong>do</strong> no meu “habeas data”. Veio daí a minha relação com a ABI, a partir <strong>de</strong> um episódio <strong>de</strong> violência que me imbuiu <strong>do</strong> espírito <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong> e foi mais uma contribuição da entida<strong>de</strong> para as lutas <strong>de</strong>mocráticas <strong>do</strong> povo brasileiro. Conheci e colaborei com to<strong>do</strong>s os Presi<strong>de</strong>ntes da ABI, menos os que foram agentes da ditadura militar <strong>de</strong> 64. Fui também membro <strong>do</strong> Conselho Administrativo. Memórias Corria 1934. Era a primeira reportagem <strong>do</strong> jovem foca, incumbi<strong>do</strong> <strong>de</strong> cobrir uma reunião sindical que discutiria a criação da uma espécie <strong>de</strong> Cut da época. A Polícia baixou lá, pren<strong>de</strong>u os cabeças, entre eles o repórter <strong>de</strong> 19 anos, que narra o contratempo <strong>de</strong> que se libertou graças à ação da ABI. POR MOACIR WERNECK DE CASTRO Preso e espanca<strong>do</strong> em início <strong>de</strong> carreira por solda<strong>do</strong>s da Polícia <strong>Especial</strong> quan<strong>do</strong> cobria uma assembléia sindical, o jovem Moacir Werneck <strong>de</strong> Castro foi solto graças à ação rápida <strong>de</strong> Herbert Moses, que não poupou esforços para libertá-lo. Por um tempo mais prolonga<strong>do</strong> trabalhei com o Presi<strong>de</strong>nte Danton Jobim, quan<strong>do</strong> eu era redator da Última Hora. Danton fora indica<strong>do</strong> por Samuel Wainer para tentar enfrentar as dificulda<strong>de</strong>s que o jornal sofria. (sua habilida<strong>de</strong> nesse mister perigoso era ilustrada pela fama <strong>de</strong> especialista na “indústria <strong>do</strong> bom-senso”, que lhe fora atribuída por J. E. <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> Soares nos tempos <strong>de</strong> ambos no Diário Carioca). <strong>Edição</strong> <strong>Especial</strong> <strong>do</strong> <strong>Centenário</strong> Volume 2 Os meus companheiros jornalistas que conheci à sombra da ABI foram inúmeros A e majestosa seria impró- Urca recebeu prio enumerá-los, tantas seriam as omissões. Aqui multidões ren<strong>do</strong> homenagem a to<strong>do</strong>s. atraídas pela Exposição Nacional <strong>do</strong> Moacir Werneck <strong>de</strong> Castro é jornalista e escritor e, como referiu, integrou por largo tempo o Conselho Administrativo da ABI, transforma<strong>do</strong> centenário em da Conselho Deliberativo após a reforma <strong>de</strong>terminada pelo novo abertura Código Civil. <strong>do</strong>s Ele é sócio da ABI <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1945. portos. DIVULGAÇÃO EDITORA RECORD
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