17.04.2013 Views

Edição Especial do Centenário - Associação Brasileira de Imprensa

Edição Especial do Centenário - Associação Brasileira de Imprensa

Edição Especial do Centenário - Associação Brasileira de Imprensa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

POR MARIO DE MORAES<br />

No dia 4 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1968, às 21h30min, falecia<br />

na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo um <strong>do</strong>s mais polêmicos<br />

jornalistas brasileiros: Francisco <strong>de</strong><br />

Assis Chateaubriand Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Melo. Para<br />

a maioria <strong>do</strong>s que trabalhavam para ele, Dr.<br />

Assis. Para os mais íntimos, apenas Chatô.<br />

Figura das mais controversas, ama<strong>do</strong> por uns<br />

poucos e odia<strong>do</strong> por muitos, embora passível <strong>de</strong><br />

duras críticas, Assis Chateaubriand <strong>de</strong>ixou algumas<br />

obras que, se não o absolvem, pelo menos<br />

diminuem a sua culpa. Suas campanhas para a<br />

fundação <strong>de</strong> aeroclubes e postos <strong>de</strong> puericultura<br />

pelo Brasil afora dificilmente serão esquecidas. E<br />

é forçoso associar o seu nome ao Museu <strong>de</strong> Arte<br />

<strong>de</strong> São Paulo-Masp, que <strong>de</strong>tém a mais valiosa coleção<br />

<strong>de</strong> arte <strong>do</strong> Hemisfério Sul e é o único museu<br />

<strong>de</strong> Primeiro Mun<strong>do</strong> na América Latina.<br />

DE COMO COMPRAR OBRAS DE ARTE<br />

É bem verda<strong>de</strong> que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os que o criticam,<br />

a maioria daquelas obras foi adquirida <strong>de</strong><br />

forma não convencional. A coisa funcionava mais<br />

ou menos <strong>de</strong>sta maneira: Chatô, por intermédio<br />

<strong>de</strong> experts em artes plásticas (um <strong>de</strong>les, Pietro Maria<br />

Bardi, aju<strong>do</strong>u-o a montar o Masp), localizava quadros<br />

ou esculturas <strong>de</strong> gente famosa, que estavam<br />

à venda ou iam a leilão. Se a obra lhe interessasse,<br />

or<strong>de</strong>nava ao seu representante, no país da venda<br />

ou <strong>do</strong> leilão, que a comprasse ou arrematasse. O<br />

passo seguinte era conseguir um patrocina<strong>do</strong>r para<br />

a compra.<br />

Proprietário <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosa e temida ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

jornais, rádios e televisões, <strong>de</strong>nominada Diários e<br />

Emissoras Associa<strong>do</strong>s, Chateaubriand tinha um<br />

po<strong>de</strong>r que dificilmente será iguala<strong>do</strong> na imprensa<br />

brasileira. Aquele que o <strong>de</strong>sgostasse sabia que<br />

seria implacavelmente ataca<strong>do</strong>, uma vez que toda<br />

a mídia Associada seria jogada em cima <strong>de</strong>le. Trabalhamos<br />

23 anos para o Dr. Assis e vimos isso<br />

acontecer diversas vezes.<br />

No caso das obras <strong>de</strong> arte, Chateaubriand quebrou<br />

a cara apenas uma vez. E isso <strong>de</strong> forma relativa,<br />

pois <strong>de</strong>u o troco e quase termina com a vitoriosa<br />

carreira <strong>de</strong> um empresário. Uma vez adquiri<strong>do</strong><br />

o quadro ou a escultura, o Dr. Assis escalava um <strong>do</strong>s<br />

seus conheci<strong>do</strong>s (não cabe aqui a palavra amigos)<br />

e mandava que ele pagasse a conta. Receoso, o escolhi<strong>do</strong><br />

preenchia o cheque. Quan<strong>do</strong> chegou a vez<br />

<strong>de</strong> José Ermírio <strong>de</strong> Moraes, o cal<strong>do</strong> aze<strong>do</strong>u. Zé Ermírio<br />

<strong>de</strong>volveu-lhe a fatura, mandan<strong>do</strong> dizer que<br />

ele construísse o Museu às suas próprias custas. Pra<br />

quê! Furioso, Chateaubriand, que assinava uma<br />

muito lida seção no carioca O Jornal – órgão-lí<strong>de</strong>r<br />

<strong>do</strong>s Associa<strong>do</strong>s –, man<strong>do</strong>u brasa, <strong>de</strong>sancan<strong>do</strong> sem<br />

dó nem pieda<strong>de</strong> o empresário paulista. A coisa<br />

chegou às raias <strong>do</strong> absur<strong>do</strong>. Num <strong>de</strong> seus artigos,<br />

o Dr. Assis afirmou que Zé Ermírio era filho <strong>de</strong><br />

Antônio Silvino, um cangaceiro <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste.<br />

Jornal da ABI<br />

Os empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res e seus impérios jornalísticos<br />

CHATEAUBRIAND,<br />

DR. ASSIS OU CHATÔ<br />

O homem que montou<br />

o primeiro império <strong>de</strong><br />

comunicação no Brasil<br />

Talento precoce, ele começou em jornal com 14 anos, trocou<br />

o Direito pelo jornalismo e criou jornais, revistas, agências <strong>de</strong><br />

notícias, rádios e emissoras <strong>de</strong> televisão, <strong>de</strong> que foi o pioneiro<br />

no País; <strong>de</strong> quebra, nosso único museu <strong>de</strong> Primeiro Mun<strong>do</strong>.<br />

Na ativida<strong>de</strong> empresarial e na vida pessoal, seus méto<strong>do</strong>s –<br />

digamos assim, com elegância – eram pouco orto<strong>do</strong>xos.<br />

<br />

Volume Volume 22<br />

<strong>Edição</strong> <strong>Edição</strong> <strong>Especial</strong> <strong>Especial</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Centenário</strong> <strong>Centenário</strong><br />

53<br />

JORNAL DO COMMERCIO DO RIO DE JANEIRO

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!