Edição Especial do Centenário - Associação Brasileira de Imprensa
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O Centro <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Defesa <strong>do</strong> Petróleo e da<br />
Economia nacional, <strong>de</strong> que fui Secretário-Geral, sob<br />
a presidência <strong>de</strong> Artur Bernar<strong>de</strong>s e <strong>do</strong> General Júlio<br />
Caetano Horta Barbosa, foi funda<strong>do</strong> em Ato Público<br />
na ABI, a 4 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1948, no <strong>de</strong>senrolar <strong>de</strong><br />
mesa-re<strong>do</strong>nda sobre a Conferência <strong>de</strong> Chanceleres<br />
americanos, a realizar-se, em Bogotá, naqueles dias.<br />
A promoção <strong>do</strong> Ato referi<strong>do</strong> <strong>de</strong>veu-se à iniciativa<br />
da Liga Antifascista da Tijuca, fundada em julho<br />
<strong>de</strong> 1947, sob a Presidência <strong>de</strong> Honra <strong>do</strong> General<br />
Jornal da ABI<br />
ASCEU NESTE AUDITÓRIO<br />
Eucli<strong>de</strong>s Figueire<strong>do</strong>, Deputa<strong>do</strong> Fe<strong>de</strong>ral, e a Presidência<br />
efetiva da Verea<strong>do</strong>ra Sra. Nuta Barttlett<br />
James, ten<strong>do</strong> como secretário o signatário <strong>de</strong>ste<br />
artigo. Do numeroso grupo <strong>de</strong> patriotas da coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>do</strong> Centro fizeram parte jornalistas como<br />
Gentil Noronha, Nilo Werneck, Bayard Boiteux e<br />
Jair Amorim, consócios da Casa <strong>do</strong> Jornalista.<br />
A ABI era presidida por Herbert Moses, que se<br />
manteve à frente da Casa, proficuamente, durante<br />
33 anos (<strong>de</strong> 1931 a 1964). Moses – consenso incon-<br />
<br />
Volume Volume 22<br />
<strong>Edição</strong> <strong>Edição</strong> <strong>Especial</strong> <strong>Especial</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Centenário</strong> <strong>Centenário</strong><br />
ACERVO ABI/BIBLIOTECA BASTOS TIGRE<br />
Tal como nos anos 40, ao sustentar a idéia <strong>do</strong> monopólio<br />
estatal <strong>do</strong> petróleo na campanha O petróleo é nosso, a ABI<br />
ergueu essa ban<strong>de</strong>ira também na Constituinte <strong>de</strong> 1987-<br />
1988. Com esse fim promoveu intensa campanha, aberta<br />
com ato que reuniu Saturnino Braga, Barbosa Lima<br />
(segun<strong>do</strong> e terceiro à esquerda) e Euzébio Rocha (<strong>de</strong> pé),<br />
um <strong>do</strong>s autores da lei <strong>do</strong> monopólio, <strong>de</strong> 1953.<br />
testável – era convicto <strong>de</strong>mocrata, ativo, sempre,<br />
em <strong>de</strong>fesa da Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Imprensa</strong>, e <strong>de</strong> jornalistas<br />
vítimas <strong>do</strong>s atropelos <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r, o que se<br />
verificou, especialmente, no perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />
Novo (1937-1945).<br />
Em relação, porém, ao problema <strong>do</strong> petróleo,<br />
lamentavelmente, não era ele a<strong>de</strong>pto da Tese Horta<br />
Barbosa, a Tese <strong>do</strong> Monopólio Estatal.<br />
Como explicar, assim, a presença e o apoio da ABI,<br />
valiosos, sempre, no movimento <strong>do</strong> O petróleo é<br />
nosso? Basta recordar: Moses era assessora<strong>do</strong> e recebia<br />
a <strong>de</strong>cisiva influência <strong>de</strong> eminentes jornalistas<br />
da ABI <strong>de</strong> então. Com sauda<strong>de</strong> recor<strong>de</strong>mos alguns<br />
<strong>de</strong>les: Heitor Beltrão (1° Vice-Presi<strong>de</strong>nte), Pedro<br />
Mota Lima, João Etcheverry, Aristeu Aquiles, Jocelyn<br />
Santos, João Antônio Mesplé. Dos vivos, ai<br />
estão Gentil Noronha e Fernan<strong>do</strong> Segismun<strong>do</strong>.<br />
Coincidência provi<strong>de</strong>ncial – to<strong>do</strong>s eles partidários<br />
entusiastas da Tese Horta Barbosa e, em graus<br />
diversos, membros <strong>do</strong> Centro <strong>do</strong> Petróleo.<br />
Firmou-se explícito entendimento entre dirigentes<br />
<strong>do</strong> Centro e essa plêia<strong>de</strong> (é a palavra certa) <strong>de</strong><br />
jornalistas militantes na ABI.<br />
Assim, no <strong>de</strong>correr da Campanha, nessa primeira<br />
e vitoriosa fase, na ABI se efetivaram <strong>de</strong>zenas<br />
<strong>de</strong> reuniões e atos, da maior relevância para a conquista<br />
final da Lei da Petrobrás, e sempre com a<br />
participação ativa <strong>de</strong> prestigia<strong>do</strong>s membros da<br />
Casa <strong>do</strong> Jornalista.<br />
Destaquemos, para exemplificar, a realização da<br />
1.ª Convenção <strong>de</strong> Defesa <strong>do</strong> Petróleo <strong>do</strong> Distrito<br />
Fe<strong>de</strong>ral (ainda no Rio <strong>de</strong> Janeiro) a 23 <strong>de</strong> setembro<br />
<strong>de</strong> 1948, com reconheci<strong>do</strong> êxito, e em cuja<br />
Mesa figuraram, entre outras personalida<strong>de</strong>s, os<br />
Generais Horta Barbosa, Leitão <strong>de</strong> Carvalho e Raimun<strong>do</strong><br />
Sampaio. Encerrada a solenida<strong>de</strong>, os presentes,<br />
em pacífica romaria cívica, levaram as flores<br />
que ornamentavam a mesa no palco <strong>de</strong> nosso prestigioso<br />
Auditório (9° andar) até o Monumento a<br />
Floriano, na Cinelândia.<br />
Ocorreu, então, o inominável ataque da feroz<br />
Polícia <strong>Especial</strong> aos patriotas que ali homenageavam<br />
Floriano. Só um verda<strong>de</strong>iro contra-ataque da<br />
Polícia <strong>do</strong> Exército (à época, majoritariamente partidário<br />
da Tese Horta Barbosa), convocada, conseguiu<br />
frear e <strong>do</strong>minar a fúria <strong>do</strong>s agressores. Saíram<br />
feri<strong>do</strong>s, entre outros, o jornalista Gentil Noronha,<br />
com um tiro na perna, e o Deputa<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral Euzébio<br />
Rocha, ambos nossos consócios.<br />
E à se<strong>de</strong> da ABI se dirigiram Diretores <strong>do</strong> Centro,<br />
para o acerto <strong>de</strong> medidas imediatas <strong>de</strong> divulgação<br />
e protesto.<br />
ABI – sempre a ABI! No dia da fundação <strong>do</strong><br />
Centro, em 1948, e hoje, 40 anos <strong>de</strong>corri<strong>do</strong>s, na<br />
Comissão sob a Presidência e a orientação <strong>de</strong> Barbosa<br />
Lima Sobrinho.<br />
(Nota final: embora tenha muito <strong>de</strong> <strong>de</strong>poimento<br />
pessoal, o breve histórico acima se baseou na consulta<br />
ao Boletim da ABI, ao Boletim da AEPET, à<br />
coleção <strong>de</strong> Emancipação (1949-1957), e ao “excelente<br />
e <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>” O petróleo é nosso, livro <strong>de</strong><br />
Maria Augusta Tibiriçá Miranda).<br />
Trecho <strong>do</strong> artigo A ABI e a campanha <strong>do</strong> petróleo, publica<strong>do</strong> em duas<br />
colunas <strong>de</strong> cima abaixo pela Tribuna da <strong>Imprensa</strong>, edição <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong><br />
maio <strong>de</strong> 1988.<br />
A CAMPANHA O PETRÓLEO É NOSSO NASCEU NESTE AUDITÓRIO<br />
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