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Edição Especial do Centenário - Associação Brasileira de Imprensa

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FOTOS PROJETO MEMÓRIA, ARQUIVO RM E AGÊNCIA O GLOBO<br />

Entre Alberto Dines, Diretor Cultural, e<br />

Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais, neto, Presi<strong>de</strong>nte da<br />

ABI, Roberto Marinho proclama que é<br />

jornalista profissional, homem <strong>de</strong> imprensa,<br />

filho <strong>de</strong> outro homem <strong>de</strong> imprensa.<br />

“C<br />

onsi<strong>de</strong>ro esta Casa uma extensão da minha<br />

sala <strong>de</strong> trabalho.”<br />

A frase proferida pelo jornalista Roberto<br />

Marinho po<strong>de</strong>ria expressar um transbordamento<br />

<strong>de</strong> cortesia, o que não seria<br />

excepcional em quem, como ele, era reconhecidamente<br />

afável no relacionamento com as pessoas. Naquele<br />

1º <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1976, porém, a <strong>de</strong>claração assumia o<br />

claro senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> firme apoio à ABI num momento<br />

em que jornalistas, veículos <strong>de</strong> comunicação e associações<br />

<strong>do</strong> pessoal da área <strong>de</strong> comunicação enfrentavam<br />

o cerco à liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão e a impieda<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> aparelho repressivo da ditadura militar.<br />

Poucos meses antes, em outubro, o jornalista<br />

Vladimir Herzog, Diretor <strong>de</strong> Jornalismo da TV Cultura,<br />

fora assassina<strong>do</strong> nos porões <strong>de</strong> tortura <strong>do</strong><br />

Destacamento <strong>de</strong> Operações Internas <strong>do</strong> Centro<br />

<strong>de</strong> Operações <strong>de</strong> Defesa Interna, conheci<strong>do</strong> pela<br />

terrível sigla Doi-Codi e sedia<strong>do</strong> num sinistro prédio<br />

da Rua Tutóia, na capital paulista. Vladimir,<br />

conheci<strong>do</strong> como Vla<strong>do</strong> entre os companheiros <strong>de</strong><br />

profissão, apresentara-se para <strong>de</strong>por no Doi-Codi<br />

na manhã <strong>do</strong> dia 25, um sába<strong>do</strong>, supon<strong>do</strong> que apenas<br />

prestaria <strong>de</strong>clarações, como alegaram agentes<br />

incumbi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> prendê-lo. Horas <strong>de</strong>pois estava morto.<br />

Seus carcereiros e seus mata<strong>do</strong>res simularam<br />

uma grosseira farsa para apresentar sua morte<br />

como suicídio. Estavam presos então inúmeros jornalistas,<br />

entre os quais Ro<strong>do</strong>lfo Kon<strong>de</strong>r, Paulo Markun,<br />

Sérgio Gomes da Silva, George B. J. Duque<br />

Estrada. Anthony <strong>de</strong> Cristo. Nos meses seguintes<br />

novas prisões ocorreram tanto em São Paulo como<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Sob a presidência <strong>de</strong> Pru<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Morais, neto,<br />

a ABI a<strong>do</strong>tou vigorosa posição <strong>de</strong> repúdio às violências<br />

e exigência da apuração da morte <strong>de</strong> Herzog.<br />

Em apoio ao Sindicato <strong>do</strong>s Jornalistas Profissionais<br />

no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, presidi<strong>do</strong> por Audálio<br />

Dantas, Pru<strong>de</strong>nte foi a São Paulo para expressar<br />

sua solidarieda<strong>de</strong> aos companheiros <strong>de</strong> Herzog,<br />

manter conversações com o Car<strong>de</strong>al Arcebispo <strong>de</strong><br />

São Paulo, Car<strong>de</strong>al Dom Paulo Evaristo Arns, que<br />

li<strong>de</strong>rava a luta pelos direitos humanos no Esta<strong>do</strong>,<br />

e reclamar <strong>do</strong> então Comandante <strong>do</strong> II Exército,<br />

General Ednar<strong>do</strong> D’Ávila Melo, a apuração das circunstâncias<br />

da morte <strong>do</strong> jornalista. A ABI colocarase<br />

a partir daí na mira da repressão e <strong>de</strong> seu aparato<br />

clan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> terrorismo, que em 19 <strong>de</strong> agosto<br />

seguinte <strong>de</strong>tonou uma bomba <strong>de</strong> alto po<strong>de</strong>r explosivo<br />

no sétimo andar <strong>do</strong> Edifício Herbert Moses<br />

– o pavimento da Diretoria e <strong>do</strong> Conselho Deliberativo<br />

da Casa.<br />

Foi sob esse clima político que Roberto Marinho<br />

aceitou o convite para proferir a conferência <strong>de</strong><br />

abertura <strong>do</strong> III Seminário <strong>de</strong> Jornalismo e compa-<br />

NOSSO<br />

SÓCIO<br />

ROBERTO<br />

MARINHO<br />

Admiti<strong>do</strong> na ABI em 1 <strong>de</strong> abril<br />

<strong>de</strong> 1924, poucos meses <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> completar 20 anos, ele se<br />

tornaria o jornalista com mais<br />

longa participação no quadro<br />

social da ABI. Ao falecer, em 6<br />

<strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2003, contava<br />

mais <strong>de</strong> 79 anos <strong>de</strong> vinculação<br />

à Casa, com a qual colaborou<br />

nos momentos mais adversos,<br />

como os que se seguiram<br />

ao assassinato <strong>do</strong> jornalista<br />

Vladimir Herzog numa<br />

prisão militar em<br />

São Paulo, em 1975.<br />

POR MAURÍCIO AZÊDO<br />

<br />

olume olume 22<br />

dição dição special special <strong>do</strong> <strong>do</strong> entenário entenário

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