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Edição Especial do Centenário - Associação Brasileira de Imprensa

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UMA FASE DE OURO DA IMPRENSA<br />

E DA CULTURA DA ANTIGA CAPITAL<br />

Sócio da ABI <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1952, quan<strong>do</strong> tinha 20 anos, Alberto Dines acompanha a evolução da Casa, da<br />

imprensa e da cultura <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 50 e faz uma avaliação positiva <strong>de</strong>sse momento da História.<br />

POR JOSÉ REINALDO MARQUES<br />

Adécada <strong>de</strong> 1950 marca um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> ouro<br />

da imprensa e da cultura <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

então capital <strong>do</strong> País. A avaliação é <strong>do</strong> jornalista<br />

Alberto Dines, que lembra que a ABI,<br />

da qual é Conselheiro, <strong>de</strong>spontava como<br />

uma das atrações <strong>do</strong> polígono cultural que se formou<br />

no Centro <strong>do</strong> Rio, juntamente com o Teatro<br />

Municipal, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional<br />

<strong>de</strong> Belas-Artes e o Ministério da Educação e<br />

Cultura-Mec, atual Palácio Gustavo Capanema.<br />

Nesse começo <strong>de</strong> década, em 1952, a ABI lançava<br />

o Boletim da <strong>Associação</strong> <strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> <strong>Imprensa</strong> e<br />

celebrava o 21º aniversário da administração <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte<br />

Herbert Moses. O Relatório Anual <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s<br />

emiti<strong>do</strong> nesse ano informa que, no aspecto<br />

administrativo e <strong>do</strong> fortalecimento institucional,<br />

o ano anterior fora muito auspicioso para a entida<strong>de</strong><br />

— tanto <strong>do</strong> ponto vista das iniciativas visan<strong>do</strong> aos<br />

interesses da classe jornalística e ao bem-estar <strong>do</strong>s<br />

associa<strong>do</strong>s, como também das ativida<strong>de</strong>s sócio-recreativas<br />

promovidas pela Casa <strong>do</strong> Jornalista.<br />

Foi na se<strong>de</strong> da ABI que em 1951 a <strong>Associação</strong><br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Críticos Teatrais, então presidida por<br />

A. F. Lopes Gonçalves, realizou com muito êxito<br />

o I Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Teatro. No mesmo ano<br />

a ABI ce<strong>de</strong>u suas mo<strong>de</strong>rnas instalações para a<br />

exibição <strong>de</strong> filmes e realizou 251 concorridas sessões<br />

cinematográficas, 78 <strong>de</strong>las com produção<br />

própria. As sessões acabaram se tornan<strong>do</strong> tradicionais<br />

no roteiro cultural da cida<strong>de</strong>, bem como as<br />

montagens teatrais dirigidas ao público infantojuvenil,<br />

uma novida<strong>de</strong> nessa época.<br />

Para se ter uma idéia da representação da ABI<br />

como importante centro <strong>de</strong> iniciativas sócio-culturais<br />

<strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral basta consultar o número<br />

<strong>de</strong> pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong> Auditório Oscar Guanabarino,<br />

localiza<strong>do</strong> no 9º andar <strong>do</strong> edifício-se<strong>de</strong><br />

da entida<strong>de</strong>, que foi aberto para a realização <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zenas e <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> atos e manifestações coletivas,<br />

entre os quais 125 concertos, 33 conferências<br />

e 32 espetáculos <strong>de</strong> teatro.<br />

No campo político, a ABI, fiel aos seus princípios,<br />

se mantinha atenta aos casos <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong><br />

violação das liberda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imprensa e <strong>de</strong> expressão.<br />

Nesse contexto, foi então muito comenta<strong>do</strong><br />

o ofício envia<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte Herbert Moses ao<br />

Chefe <strong>de</strong> Polícia <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral, General Ciro<br />

Resen<strong>de</strong>, no qual a ABI se manifestava “contra a<br />

ameaça <strong>de</strong> cerceamento da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa”<br />

por parte da Polícia da capital, que era subordinada<br />

ao Governo Fe<strong>de</strong>ral e vinculada ao Ministério<br />

da Justiça. O prefeito da cida<strong>de</strong> era também<br />

nomea<strong>do</strong> pelo Presi<strong>de</strong>nte da República.<br />

<br />

No <strong>do</strong>cumento, expedi<strong>do</strong> em junho <strong>de</strong> 1951, a<br />

ABI chamava a atenção para os prejuízos causa<strong>do</strong>s<br />

à utilida<strong>de</strong> pública por uma portaria baixada<br />

pelo Chefe <strong>de</strong> Polícia, que impedia que os jornalistas<br />

tivessem livre trânsito para apuração <strong>de</strong><br />

notícias nas repartições policiais.<br />

A oposição <strong>do</strong>s jornalistas à portaria <strong>do</strong> General<br />

Ciro Resen<strong>de</strong> inspirou muitos protestos da Diretoria<br />

da ABI, que pedia a urgente revogação da medida,<br />

como forma <strong>de</strong> os profissionais <strong>de</strong> imprensa po<strong>de</strong>rem<br />

exercer livremente as suas funções,<br />

como <strong>de</strong>staca um trecho <strong>do</strong><br />

ofício assina<strong>do</strong> pelo então<br />

Presi<strong>de</strong>nte da ABI:<br />

“(...) Por má compreensão<br />

<strong>do</strong>s termos da<br />

portaria, ou por circunstâncias<br />

que esta<br />

<strong>Associação</strong> <strong>de</strong>sconhece,<br />

algumas autorida<strong>de</strong>s<br />

policiais vêm dificultan<strong>do</strong>,<br />

e impedin<strong>do</strong><br />

mesmo, que os jornalistas<br />

possam colher informações<br />

sobre fatos públicos e<br />

notórios e os fotógrafos<br />

exerçam as suas atribuições<br />

normais. Devo esclarecer a<br />

<strong>Edição</strong> <strong>Especial</strong> <strong>do</strong> <strong>Centenário</strong><br />

Volume<br />

2<br />

urgência <strong>de</strong> ser tornada sem efeito a recente portaria,<br />

que limitou a ação <strong>do</strong>s representantes <strong>do</strong>s jornais<br />

junto às repartições policiais(...)”.<br />

UMA ENTIDADE REPRESENTATIVA<br />

Foi essa ABI que Alberto Dines, funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Observatório da <strong>Imprensa</strong>, encontrou quan<strong>do</strong> se<br />

associou à entida<strong>de</strong>, em 6 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1952. Com<br />

56 anos <strong>de</strong> filiação à ABI, aos 76 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, ele<br />

é um <strong>do</strong>s mais antigos associa<strong>do</strong>s da Casa.<br />

Dines chegou à ABI quan<strong>do</strong> tinha 20 anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e estava envolvi<strong>do</strong> com cinema<br />

e teatro. Chegou a fazer um curso <strong>de</strong><br />

pantomima no Serviço Nacional <strong>de</strong><br />

Teatro-SNT, mas a sua ambição era<br />

trabalhar no meio cinematográfico.<br />

Acabou conseguin<strong>do</strong> o seu<br />

primeiro emprego como jornalista<br />

na revista Cena Muda,<br />

como crítico <strong>de</strong> cinema. Por causa<br />

<strong>de</strong>ssa experiência, foi convi-<br />

Dines era vidra<strong>do</strong> por cinema<br />

quan<strong>do</strong> começou a freqüentar a<br />

ABI. Um emprego como critico<br />

cinematográfico da revista Cena<br />

Muda capturou-o para o<br />

jornalismo.<br />

JORNAL DO COMMERCIO DO RIO DE JANEIRO

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