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Edição Especial do Centenário - Associação Brasileira de Imprensa

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menda recebiam uma medalha e participavam <strong>de</strong><br />

inusitada cerimônia. O Dr. Assis colocava-lhes a<br />

ponta <strong>de</strong> um punhal sobre os ombros e obrigavaos<br />

a fazer um juramento. Muita gente graúda<br />

entrou nessa.<br />

Por incrível que pareça, Winston Churchill, o<br />

gran<strong>de</strong> estadista inglês, se prestou a esse papel idiota.<br />

Em 1957, usan<strong>do</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o seu prestígio, o<br />

<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s Associa<strong>do</strong>s conseguiu ser nomea<strong>do</strong> embaixa<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong> Brasil na Grã-Bretanha, <strong>de</strong>smoralizan<strong>do</strong>,<br />

para horror <strong>do</strong>s diplomatas ingleses, tu<strong>do</strong> que<br />

era cerimonial.<br />

Luciano Carneiro, repórter <strong>de</strong> O Cruzeiro, faleci<strong>do</strong><br />

num <strong>de</strong>sastre <strong>de</strong> avião, que foi a Londres registrar<br />

a entrega das cre<strong>de</strong>nciais, contaria mais<br />

tar<strong>de</strong> que o Dr. Assis passara um bom tempo tranca<strong>do</strong><br />

numa sala com a Rainha Elizabeth. Do la<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> fora, impedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> entrar, Luciano ouvia perfeitamente<br />

as risadas da soberana. Quan<strong>do</strong> Chateaubriand<br />

saiu, o repórter quis saber o que acontecera<br />

lá <strong>de</strong>ntro e o embaixa<strong>do</strong>r explicou:<br />

– Eu contei algumas ane<strong>do</strong>tas <strong>de</strong> papagaio para ela.<br />

Jornal da ABI<br />

MÁQUINA DE ESCREVER ESPECIAL<br />

Nós duvidávamos que o Dr. Assis pu<strong>de</strong>sse realmente<br />

escrever seus artigos e discursos <strong>de</strong>pois que<br />

ficara paraplégico, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> dupla trombose<br />

cerebral que o acometera em 27 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1960.<br />

Mas tivemos oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vê-lo, em sua casa<br />

paulistana, “datilografan<strong>do</strong>”, com um só <strong>de</strong><strong>do</strong> e pacientemente,<br />

seus trabalhos numa máquina elétrica<br />

fabricada especialmente para ele. Como as teclas<br />

eram muito sensíveis, o Dr. Assis cometia muitos<br />

e involuntários erros. Aí entrava em cena, em São<br />

Paulo, a jornalista Margarida Izar, que copi<strong>de</strong>scava<br />

a matéria. No Rio, esse trabalho era feito pelo sau<strong>do</strong>so<br />

jornalista José Chamilete, que foi diretor-responsável<br />

<strong>do</strong> carioca Jornal <strong>do</strong> Commercio.<br />

Após o falecimento <strong>do</strong> Dr. Assis, os Diários e<br />

Emissoras Associa<strong>do</strong>s, peja<strong>do</strong>s <strong>de</strong> dívidas, foram<br />

quase totalmente à ruína. Restaram uns poucos<br />

veículos. Atualmente a direção <strong>do</strong> Con<strong>do</strong>mínio<br />

Associa<strong>do</strong> vem tentan<strong>do</strong> salvar o que sobrou. Entre<br />

os jornais, o Correio Braziliense, <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral,<br />

o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas, <strong>de</strong> Belo Horizonte, e o Diá-<br />

<strong>Edição</strong> <strong>Especial</strong> <strong>do</strong> <strong>Centenário</strong><br />

Volume<br />

2<br />

Chateaubriand lançou figuras notáveis no jornalismo, como<br />

David Nasser (no alto). Quan<strong>do</strong> jovem, fazia questão<br />

<strong>de</strong> ler seus artigos em suas rádios, como a Tupi.<br />

O ex-premier britânico Winston Churchill (à direita)<br />

foi, sem saber, uma das vítimas <strong>de</strong> sua irreverência.<br />

rio <strong>de</strong> Pernambuco, <strong>de</strong> Recife. Entre as rádios, a Tupi,<br />

<strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

CHATÔ, O HOMEM<br />

A vida particular <strong>de</strong> Assis Chateaubriand foi tão<br />

tumultuada quanto a profissional. Em agosto <strong>de</strong><br />

1915, Chatô associou-se a um escritório <strong>de</strong> advocacia<br />

<strong>do</strong> Recife, passan<strong>do</strong> a trabalhar nele em tempo<br />

integral. Foi quan<strong>do</strong> tomou conhecimento <strong>de</strong><br />

que, em 1º <strong>de</strong> maio daquele ano, tinham si<strong>do</strong> abertas<br />

as inscrições para o concurso <strong>de</strong> professor <strong>de</strong><br />

Filosofia <strong>do</strong> Direito e Direito Romano da Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Direito <strong>do</strong> Recife, e resolveu candidatar-se ao<br />

cargo. Nessa mesma ocasião ele passou a namorar<br />

Maria da Penha Lins <strong>de</strong> Barros Guimarães, mais<br />

conhecida como Poli. Consi<strong>de</strong>rada uma das moças<br />

mais bonitas e elegantes <strong>de</strong> Recife, ela era amiga<br />

<strong>de</strong> importantes intelectuais da época, como Manuel<br />

Ban<strong>de</strong>ira, José Lins <strong>do</strong> Rego e Gilberto Freyre.<br />

Os rapazes a assediavam, mas ela terminou fican<strong>do</strong><br />

noiva <strong>de</strong> Chateaubriand. Envolvi<strong>do</strong> com os estu<strong>do</strong>s<br />

para o concurso e atola<strong>do</strong> em inúmeros problemas,<br />

Chateaubriand, como era <strong>de</strong> seu feitio, lá<br />

um certo dia, intempestivamente, foi à casa <strong>de</strong> Poli<br />

e rompeu o noiva<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-a aos prantos.<br />

Chatô noivou novamente em 1924, mas por um<br />

curto perío<strong>do</strong>, com uma francesa, Jeanne Paulette<br />

Allard. E, como fizera com Poli, <strong>de</strong>smanchou o<br />

noiva<strong>do</strong> às vésperas <strong>do</strong> casamento. Desiludida, ela<br />

voltou para a França, levan<strong>do</strong> um filho <strong>de</strong> Chatô<br />

na barriga. Na França, o primeiro filho homem <strong>de</strong><br />

Chateaubriand, nasci<strong>do</strong> em Paris em maio <strong>de</strong> 1925,<br />

foi batiza<strong>do</strong> como Gilbert (no Brasil ele virou<br />

Gilberto). Chatô prometeu aos pais <strong>de</strong> Jeanne que<br />

se casaria com ela no menor prazo possível, o que<br />

não aconteceu. E levou alguns anos para reconhecer<br />

Gilberto como seu filho legítimo.<br />

Por isso, os amigos <strong>de</strong> Chateaubriand acharam<br />

que era uma pilhéria quan<strong>do</strong> ele anunciou, pela<br />

CHATEAUBRIAND, DR. ASSIS OU CHATÔ<br />

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