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PDF - Leitura Gulbenkian - Fundação Calouste Gulbenkian

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Mas essa aldeia exclui, e cada vez mais é um processo de exclusão paradoxal.<br />

Paradoxal, porque sendo criança ou adulto, sendo jornalista, sendo<br />

escritor, ou qualquer outra coisa, nunca, como hoje, uma pessoa teve um<br />

acesso tão instantâneo a tanta informação. Normalmente, informação, diria<br />

o grosso de informação que está disponível na Internet, o grosso dos conteúdos<br />

como se costuma dizer, são conteúdos (por isso, eu falava de espelho)<br />

postos por nós para nos vermos ou para nos revermos.<br />

Em muitos países, em muitos sítios, fora da nossa normalidade ocidental<br />

– estou a falar de África ou de alguns sítios da Ásia, sobretudo da Ásia<br />

Central, desde o Afeganistão à Libéria – é impressionante a quantidade de<br />

cibercafés que, por exemplo, até há um ano, antes da batalha de Monróvia,<br />

existia em Monróvia, era quase a cada esquina, porque é, de facto, vital<br />

para as pessoas. Só que em Monróvia ou em Cabul, ou em muitos outros<br />

sítios, pode-se ter acesso e tem-se acesso à informação e a conteúdos<br />

que são, em primeiro lugar, europeus e, sobretudo, americanos; portanto<br />

há aqui uma dupla exclusão que a Internet pode fazer: uma exclusão de<br />

acesso e uma exclusão de informação.<br />

Estou a lembrar-me, por exemplo, de um sítio como Bissau, em que a maioria<br />

das crianças em idade escolar, tem acesso a livros infantis, a livros escolares<br />

que reflectem uma realidade que não é a deles. São histórias que<br />

se passam em países onde há montanhas, onde há neve, onde há quatro<br />

estações, onde há flores de uma determinada cor, onde há certos animais,<br />

onde há animais domésticos tão diferentes dos de lá; portanto, queria pôr<br />

este outro lado da realidade que é tomada de uma forma cada vez mais<br />

virtual e vice-versa.<br />

Voltando à viagem, e porque estamos a falar da Internet, eu tenho um site<br />

que não está disponível agora, que é o mais óbvio, baiadostigres.com, que<br />

é um site magnífico, posso dizer magnífico porque não é a minha parte, foi<br />

feito por um web designer um site da Baía dos Tigres que foi publicado,<br />

lançado no mesmo dia, à mesma hora, do livro em papel, e na altura não<br />

foi óbvio.<br />

Lembro-me de algumas discussões que tive com o meu editor, que tinha<br />

muito receio de que esta viagem que estávamos a lançar em papel, (esta<br />

viagem de Angola à contra costa, é esse o pretexto para levar o leitor para<br />

uma multiplicação, para um harmónio de outras viagens), ao mesmo tempo<br />

estivesse integralmente (quatrocentas páginas de texto) disponível na Internet.<br />

XVI Encontro de Literatura para Crianças<br />

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