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PDF - Leitura Gulbenkian - Fundação Calouste Gulbenkian

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ças na imprensa, através de palestras, e depois, naturalmente, tem os seus<br />

próprios contos originais.<br />

Cito só os títulos mais importantes: Alma Infantil, de 1899, Os Animais, em<br />

1903, A Princesa Muda, Os nossos amigos, já em 22, de parceria com o seu<br />

marido. Escreve menos para o teatro, mas há pelo menos duas peças que<br />

têm algum sucesso: a comédia Lili, em 1903, e O Sermão do Padre Cura,<br />

em 1907. A propósito deste teatro infantil, queria só fazer um ressalto para<br />

os textos de narrativa. Nas suas narrativas o diálogo tem sempre um papel<br />

importante e isso mostrs que ela não tinha dificuldade em ir para a ficção<br />

dramática em vez da ficção narrativa.<br />

Mas é efectivamente na ficção narrativa que ela nos deixa um legado mais<br />

forte. Os desígnios programáticos enquanto criadora de ficção narrativa<br />

para crianças são simples, são clássicos, e pretendem nas palavras dela,<br />

instruir, divertindo ou educar alegrando as crianças. Muitas vezes, indirectamente,<br />

ao pronunciar-se de uma forma empática sobre outro escritor, transmite<br />

o que é o seu pensamento sobre os objectivos e a axiologia estética<br />

da literatura para a infância. Os seus textos de ficção narrativa têm a sua intertextualidade<br />

propiciatória: os contos tradicionais portugueses, com essa<br />

exigência, esse vector ideológico muito presente na cultura do seu tempo<br />

que era a preocupação com a identidade nacional. Essa identidade nacional<br />

estaria, digamos assim, adulterada na cultura ou na incultura de certos<br />

meios urbanos, mas estaria ainda preservada nas fontes da cultura popular.<br />

Mas é nítido para quem lê esses textos que essa matriz se cruza com<br />

outra, que é a matriz da modernidade iluminista e os contos de fadas, por<br />

exemplo do iluminismo francês, transparecem muito no substrato da ficção<br />

narrativa de Ana de Castro Osório.<br />

O colóquio é sobre a viagem e como há viagem em muitos dos seus contos<br />

dispersos e há viagem desde logo no subtítulo Viagens aventurosas de Felício<br />

e Felizarda, primeiro ao Pólo Norte e depois ao Brasil.<br />

Mas, a viagem pode aparecer, tal como para outros escritores, dum ponto<br />

de vista, estrutural em textos que parecem não estar focados para a viagem.<br />

É precisamente o que a Dr.ª Fátima Ribeiro de Medeiros conclui depois do<br />

seu estudo de um corpus seleccionado de setenta das suas Histórias Maravilhosas<br />

da Tradição Popular Portuguesa, que estão organizados como se,<br />

ao mesmo tempo, fossem um mapa e uma espécie de roteiro e esse roteiro<br />

é um roteiro por formas, por espaços, por lugares, mas, mais do que isso, é<br />

um roteiro por condições de vida, formas de visão do mundo, modelos de<br />

XVI Encontro de Literatura para Crianças<br />

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