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PDF - Leitura Gulbenkian - Fundação Calouste Gulbenkian

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XVI Encontro de Literatura para Crianças<br />

156<br />

Estamos sempre a dizer que isto é um saco de gatos inventado, esta comunhão<br />

é uma coisa inventada.<br />

MM<br />

Provavelmente. Não tenha dúvida.<br />

PMP<br />

Eis um dado que nunca me tinha ocorrido e que me parece muito importante.<br />

Olga Pombo (OP)<br />

Eu gostava de dizer três coisas.<br />

Esqueci-me de fazer os agradecimentos, peço desculpa, mas como já<br />

foram tão repetidos assumo-os inteiramente e faço minhas as palavras dos<br />

colegas que falaram antes de mim.<br />

Curiosamente as três coisas que eu tinha pensado dizer sobre essa questão,<br />

que era inevitável, têm muito a ver com o que os colegas disseram.<br />

A primeira tem a ver com a correspondência entre a chamada Antiguidade<br />

Clássica e o Clássico que leva a uma tal concepção restrita, como disse o<br />

José Pedro Serra, que faz com que se identifique, num primeiro momento,<br />

o Clássico com o autor da Antiguidade Clássica, Grega e Romana. Daí se<br />

poderia dizer que sai uma espécie de modelo.<br />

Eu não poria tanto as coisas em termos de modelo, mas em termos de pensar<br />

o seguinte: será que esta utilização, quase histórica ou fundacional de<br />

que o Clássico é o autor da Antiguidade Clássica, poderia levar a concluir<br />

que só esses é que seriam os Clássicos? Penso que não!<br />

Acho eu que estaríamos todos de acordo de que pode haver um Clássico,<br />

o Fernando Pessoa, por exemplo.<br />

A questão pertinente é perguntar que sentido tem esse deslocamento, ou<br />

seja, será que esta tendência para pensar que o Clássico é apenas o autor<br />

da Cultura Clássica decorre de uma utilização dupla da palavra Clássico e<br />

de uma espécie de um abuso da palavra Clássico?<br />

Será que essa é a utilização restrita da palavra, como dizia José Pedro<br />

Serra, ou será que haverá de facto alguma razão que leve a pensar de uma<br />

forma mais constitutiva esta espécie de equívoco que leva muita gente a<br />

pensar que o Clássico é apenas o autor da antiguidade clássica?<br />

Parece-me, não tanto em termos de exemplo ou de modelo, que os grandes<br />

temas da literatura posterior foram, em grande parte, dados pela Cultura<br />

Clássica. Assim, por exemplo, o tema da viagem foi um tema tratado pelos<br />

Gregos, e que nos leva imediatamente a pensar na Odisseia.<br />

Quer dizer: não há, atrevo-me a dizer, obra que trate o tema da viagem, seja<br />

infantil ou não, juvenil ou o que seja, que não tenha necessariamente o regresso<br />

e a viagem de Ulisses como matriz; então se assim é, e se eu tenho<br />

razão naquilo que estou a dizer, o que é profundamente discutível, então

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