17.04.2013 Views

PDF - Leitura Gulbenkian - Fundação Calouste Gulbenkian

PDF - Leitura Gulbenkian - Fundação Calouste Gulbenkian

PDF - Leitura Gulbenkian - Fundação Calouste Gulbenkian

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

XVI Encontro de Literatura para Crianças<br />

192<br />

se especializou, fazendo principalmente um roteiro das “viagens” entre as<br />

diferentes formas de arte – a literatura que nasce da pintura, da música, e<br />

em sentido inverso a música ou as imagens que nascem da literatura. Deu<br />

como exemplos o livro “Poezz”, antologia de poesia de língua portuguesa<br />

relacionada com jazz, recentemente editada, e também os video clips dos<br />

REM ou de Peter Gabriel. Porque, defendeu, o papel do educador está em<br />

distinguir o trigo do joio, acompanhar a novidade intelectual com o testemunho<br />

ético, numa sabedoria alicerçada. “Educar é fornecer ferramentas”<br />

e tentar evitar aquilo a que chamou o “sindroma de Zelig”, o camaleão que<br />

faz uma identificação acrítica com o politicamente correcto.<br />

Na tarde de ontem, o Auditório 2 ouviu três intervenções centrais sobre<br />

clássicos portugueses da literatura para crianças e jovens. Glória Bastos<br />

estabeleceu os pontos de contacto e as diferenças entre “Céu Aberto” de<br />

Virgínia de Castro e Almeida e “Portugal Pequenino” de Raul Brandão e Maria<br />

Angelina. José Carlos Seabra Pereira falou sobre a vida e a obra de Ana<br />

de Castro Osório e, no final, Alice Vieira falou sobre Adolfo Simões Müller.<br />

Violante Florêncio presidiu à mesa e relembrou um dos conceitos de Italo<br />

Calvino: “Os clássicos são os livros que constituem uma riqueza para quem<br />

os leu e amou”.<br />

Os três oradores fizeram abordagens diversas mas todos lamentaram a<br />

dificuldade de encontrar hoje no mercado as obras de que falaram, apelando<br />

à sua reedição. Vincaram as intenções didácticas de cada um destes<br />

escritores. Certamente estas intervenções vão ser impressas, mas deixo<br />

aqui a ideia de que os três oradores se mostraram pessimistas e classificaram<br />

mesmo de “crise” a situação actual em termos de textos literários para<br />

crianças – sublinhando que a ilustração está precisamente no pólo oposto,<br />

em grande florescimento.<br />

Para Alice Vieira, faz sobretudo falta um jornal ou revista de qualidade destinado<br />

aos mais novos, e no fim de contas ela estava a falar de Adolfo<br />

Simões Müller que criou o “Papagaio”, o “Diabrete” e o inesquecível “Cavaleiro<br />

Andante”, com o seu suplemento “O Pajem”. Lembrou mais um autor,<br />

Olavo d’Eça Leal, e o hilariante “Iratan e Iracema, os Meninos Mais Malcriados<br />

do Mundo”.<br />

A sessão da última manhã, a que provavelmente a maioria dos que aqui<br />

estão assistiu, foi muito participada e foi certamente a que envolveu mais<br />

polémica no debate. E tudo porque, mais uma vez, se falava de clássicos e<br />

de como as obras fundadoras devem chegar às novas gerações. O debate<br />

foi moderado por Paula Moura Pinheiro e juntou Ana Maria Magalhães, Olga<br />

Pombo, Marta Martins, José Pedro Serra, Ondjaki e Miguel Che Soares. O<br />

ponto de partida – “O que é um clássico?” – é naturalmente um ponto de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!