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PDF - Leitura Gulbenkian - Fundação Calouste Gulbenkian

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ele que é um viajante solitário de desertos. Para além do pessimismo – e no<br />

dia em que o ouvirmos dizer uma frase optimista podemos ficar preocupados<br />

– o Miguel, na agressividade do seu pudor, acabou por dizer, por exemplo,<br />

que o mundo seria infinitamente mais seguro se fosse governado por<br />

antigos viajantes. “Quando se viaja, não se procura – encontra-se. Mesmo<br />

que seja preciso ir ao limite de nós mesmos.” Aproveitou para fazer um<br />

repto à <strong>Fundação</strong> <strong>Gulbenkian</strong>, depois secundado por Henrique Cayatte,<br />

para que promova um debate sobre a comunicação social.<br />

A questão dos novos meios de informação começou a ser debatida nesta<br />

sessão mas, como a Isabel Marques da Costa já explicou, foi aprofundada<br />

depois na Sala 1.<br />

Voltei ao Auditório 2, no segundo dia, para a sessão sobre “Inevitáveis Clássicos”.<br />

As histórias da infância da Maria João Seixas, a moderadora, eram<br />

também de uma viagem – suponho que ninguém naquela sala vai esquecer<br />

a imagem da casa em que viveu enquanto o pai coordenava a obra dos<br />

caminhos-de-ferro, no norte de Moçambique, a casa que se deslocava de<br />

lugar em lugar e ficava sustentada em bidões, mas que compunha, com<br />

outras três casas, um largo itinerante com vista para os animais e a vegetação<br />

de África.<br />

José Pedro Serra fez uma intervenção sobre a presença dos clássicos na<br />

cultura ocidental, e sobre o papel que o educador deve assumir. Este tema<br />

foi depois retomado no debate final de quarta-feira, mas já aqui José Pedro<br />

Serra, eloquente, se manifestou desconfiado das “certezas sem a bordadura<br />

das dúvidas”, contra os professores que “procuram a docilidade dos<br />

alunos”. Foi um apelo à insubmissão e ao apelo a dar a amar as coisas<br />

amáveis. O caminho que propôs aos docentes foi o de “peneirar, seleccionar<br />

e hierarquizar” o conhecimento, para “dar a ver, dar a ouvir, dar a amar”.<br />

Homem da Filosofia, defendeu que os clássicos – tema que foi central na<br />

manhã de quarta-feira – são os que resistiram ao tempo e sempre tocaram<br />

as mais subtis cordas da alma. E usando uma palavra com que depois Maria<br />

João Seixas o atormentou durante o almoço (e é verdade, como disse<br />

ontem a Alice Vieira, que há coisas muito importantes que são ditas nos<br />

intervalos das sessões) “o maior risco de ignorar os clássicos é perder a<br />

incandescência da nossa demanda”. Exemplo máximo da incandescência,<br />

o livro que José Pedro Serra afirma que o moldou – a “Ilíada”.<br />

Mário Avelar começou por dizer que é possuidor de primeiras edições da<br />

“Praça da Canção” e de “O Canto e as Armas”, de Manuel Alegre, façanha<br />

que assume muitos significados e não meramente a de coleccionador de<br />

livros. Partiu da “Praça da Canção” para a literatura anglo-saxónica, em que<br />

XVI Encontro de Literatura para Crianças<br />

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