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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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A dança bastava-se por si mesma, representava uma intensificação<br />

da vida porque proporcionava uma “pequena morte”, um orgasmo<br />

advindo do êxtase, mas uma morte que traz ainda mais vigor à vida.<br />

Uma vida que se esgota no ato mesmo de sua criação.<br />

Fiquei pensando que as narrativas modernas e a noção de temporalidade<br />

linear a que estamos acostumados realmente assassinam a arte.<br />

O Projeto acontecia naquele momento, não se saberia o que viria depois,<br />

ou amanhã, era o tempo vivido. A corporeidade experimentada<br />

naquele momento era o ser dentro de uma ética vital. Para mim, uma<br />

experiência inesquecível.<br />

Parece realmente que a arte nasce do caos, é a porta de abertura da<br />

cultura para os instintos. É aí que está a verdade. De novo lembrei do<br />

Nietzsche. A arte é mais ação do que reflexão, é ela que transmuta as<br />

forças reativas em ativas. Ela é potência criativa capaz de proporcionar<br />

uma experiência dionisíaca, muito além do bem e do mal.<br />

Diário de campo (2 de abril de 2003)<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Muitas tribos e muitos espaços se formam e se dissolvem a partir da<br />

inserção de projetos desenvolvidos em uma determinada área. Iniciativas<br />

governamentais e não governamentais, patrocínios de empresas<br />

nacionais e internacionais, pessoas de fora da comunidade, com ou<br />

sem subsídio financeiro, associação de moradores e até mesmo indivíduos<br />

das comunidades desenvolvem projetos que transformam a arquitetura<br />

da favela e da cidade e forjam novas subjetividades. Há, por<br />

exemplo, a construção de vilas olímpicas, as salas de aula de escolas<br />

públicas que viram salas de balé, os pátios de igrejas e as praças que<br />

se transformam em palcos, sobrados antigos do Rio de Janeiro cedidos<br />

para serem escolas de dança e teatro e armazéns da Zona Portuária da<br />

cidade que são reformados para abrigarem companhias e projetos<br />

de dança. Todos esses projetos criam códigos de linguagem específicos,<br />

definem gírias, roupas, acessórios e corpos, produzem sentidos e<br />

constroem crenças, fantasias, desejos e sonhos.<br />

A proliferação de projetos sociais permite uma vivência rica e<br />

múltipla da arte; entretanto, a dependência de capital e suas imbri-<br />

136 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 108-141 | MAIO > AGOSTO 2011

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