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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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e práticas, sobretudo médicos, que visavam à profilaxia, conforme se<br />

percebe numa pesquisa preliminar nas publicações disponíveis no catálogo<br />

de teses de medicina do Brasil, tal enfoque tem sido largamente<br />

estudado, e seu papel civilizatório vem sendo devidamente trabalhado<br />

na sua estreita relação com a educação (GONDRA, 2000; 2003;<br />

2004). Essa preocupação com as epidemias teria chegado ao Brasil,<br />

com reapropriações e reinterpretações, na passagem do século XIX<br />

para o XX, dando lugar ao cuidado com a saúde da população (GÓIS<br />

JUNIOR e LOVISOLO, 2003). O Movimento Higienista ou Sanitarista<br />

defendia a saúde e a educação pública no ensino de hábitos higiênicos,<br />

ou seja, defendia a ideia de que um povo educado e saudável é<br />

a principal riqueza de uma nação. Acerca desses projetos civilizatórios<br />

e de nação, bem como da ideia de progresso a eles relacionada, é<br />

indubitável a importância dada à ligação entre educação e ensino de<br />

hábitos saudáveis, relacionada ao higienismo.<br />

Segundo Bagrichevsky et al. (2006), a educação física, desde a modernidade,<br />

sempre esteve afinada com os objetivos do controle biopolítico.<br />

Soares (1994), no seu estudo sobre as raízes da educação física<br />

brasileira, descreve como o movimento higienista europeu influenciou<br />

a constituição de um campo de intervenção no qual ela foi inserida. A<br />

educação física vem abrigando tais intentos, tomando para si os ideais<br />

da exercitação corporal como uma espécie de carro-chefe. Isso pode<br />

ser comprovado, entre outras coisas, pela clara prevalência histórica<br />

de enfoques em pesquisas que exploram os determinantes biológicos<br />

da atividade física, sobretudo quanto às suas consequências para<br />

a saúde no indivíduo ativo e no sedentário, em detrimento de uma<br />

abordagem que considere também os elementos socioculturais.<br />

Tal focalização é uma espécie de legado que a epidemiologia dá à<br />

educação física. Palma e Vilaça (2010) analisaram como a epidemiologia<br />

lida contraditoriamente com índices de sedentarismo para definir<br />

estilos de vida de indivíduos de uma população, produzindo rótulos<br />

baseados em pares de oposição binária questionáveis (sedentário versus<br />

ativo), visando ao constrangimento e à modularização de condutas.<br />

Os autores mostram como os critérios usados num mesmo estudo<br />

epidemiológico podem alterar a caracterização de um indivíduo<br />

como sedentário ou ativo. Assim, demonstram como é questionável<br />

o critério científico de determinação de um estilo de vida tido como<br />

152 SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011

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