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Revista Sinais Sociais N16 pdf - Sesc

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gistros matemáticos da vida e da morte. Em 1786, o célebre matemático<br />

Pierre Simon Laplace procurou estimar a população francesa<br />

a partir das taxas de nascimento de distritos representativos. A partir<br />

das ideias de Condorcet sobre o uso do cálculo das probabilidades<br />

nas questões de saúde, Philippe Pinel, em 1807, procurou provar,<br />

matematicamente, o valor do tratamento moral de seus pacientes psiquiátricos.<br />

Em 1820, Jeremy Bentham propôs, em seu governo hipotético,<br />

a criação de um escri tório central de estatística. Enfim, vários<br />

Estados, especialmente a França, e estudiosos se debruçaram sobre a<br />

aritmética política (ROSEN, 1994).<br />

Mais tarde, diferentes investigações contribuíram para fortalecer, ainda<br />

mais, a relevância do cálculo estatístico e das probabilidades nas análises<br />

sobre a saúde. Adolpho Quetelet reuniu e organizou dados sobre o tamanho<br />

corporal e procurou expressar, em um valor numérico, o homem<br />

médio. Assim, em 1835, Quetelet apresentou o índice de Quetelet, também<br />

conhecido como índice de massa corporal (IMC), como resultado<br />

da distribuição em uma curva de normalidade. Entre 1849 e 1855, John<br />

Snow publicou dois manuscritos que continham suas conclusões sobre as<br />

mortes por cólera em Londres. Mesmo desconhecendo o agente infec -<br />

cioso, Snow identificou e relacionou, a partir dos dados estatísticos,<br />

o número de mortes de cada área habitada com o grau de poluição no<br />

rio Tâmisa e, portanto, das condições socioeconômicas (ROSEN, 1994).<br />

Desses estudos, pode-se especular, emergiram as raízes do discurso<br />

sobre o risco na saúde pública. Com efeito, o higienismo é um traço<br />

fundamental da rede de tecnologias médico-políticas que constituíram<br />

a ideia de governamentalidade biopolítica nos séculos XVIII e XIX, legando<br />

ao século XX relevante influência – o que não significa identidade<br />

entre elas, mas sim o compartilhamento de alguns sentidos, práticas e<br />

métodos, tais como o estabelecimento ainda hoje de políticas de controle<br />

médico-estatístico de endemias em conjuntos populacionais.<br />

2 A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO DISPOSITIVO BIOPOLÍTICO-PEDAGÓGICO:<br />

O PAPEL DA GINÁSTICA<br />

A problemática das epidemias é um foco constante da literatura médica<br />

do início do século passado (MIRANDA e DABAT, 2000). Com<br />

base em um modelo flagrantemente higienista, forjado por discursos<br />

SINAIS SOCIAIS | RIO DE JANEIRO | v.5 nº16 | p. 142-161 | MAIO > AGOSTO 2011<br />

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