14.06.2013 Views

professor-leitor: uma história de vida - Programa de Pós-Graduação ...

professor-leitor: uma história de vida - Programa de Pós-Graduação ...

professor-leitor: uma história de vida - Programa de Pós-Graduação ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

genitores do sujeito não possuem o primeiro grau; o pai não completara a primeira série<br />

do primário e a mãe estudara só até a terceira série.<br />

Mas como a leitura <strong>de</strong> mundo prece<strong>de</strong> a da palavra, o sujeito a<strong>de</strong>ntrou o mundo<br />

da leitura pelas <strong>história</strong>s do avô, seu gran<strong>de</strong> “<strong>professor</strong>” nesta época, ou melhor, o<br />

“livro” que ele lia muito antes <strong>de</strong> ler o livro da palavra escrita:<br />

O meu avô estimulava a gente a contar <strong>história</strong>s então várias vezes a gente sentava e ele<br />

falava pra gente contar <strong>uma</strong> <strong>história</strong> e essa coisa <strong>de</strong> invenção, ele embarcava nessas<br />

questões também dava <strong>uma</strong> ajuda e tudo mais, mas era muito mais comum ele contar<br />

<strong>história</strong>s do que a gente contar <strong>história</strong>s pra ele, mas <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> fatos assim ele era um<br />

gran<strong>de</strong> estimulador disso e aí quando eu tive acesso a livros eu pensava em ler essas<br />

<strong>história</strong>s para <strong>de</strong>pois contar pra ele, fazia quando pu<strong>de</strong>sse...<strong>de</strong>pois contei alg<strong>uma</strong>s<br />

também, várias assim quando ele morava com o meu pai e aí chegava porque na 5 a .<br />

série a gente já estudava fora, já não tava morando em casa mais e estudamos um tempo<br />

assim então a gente se encontrava no final <strong>de</strong> semana ou coisa parecida e daí você sabe,<br />

criança e esse tipo <strong>de</strong> coisa o contato acabava não sendo freqüente mas me lembro <strong>de</strong><br />

vezes que ele fez isso foi bastante interessante e ele foi bastante marcante nessa questão<br />

<strong>de</strong> selecionar o 1 o . livro, enten<strong>de</strong>u, mas não sei se ele me estimulou a isso, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> certa<br />

forma sim, porque acabei lendo até como <strong>uma</strong> tarefa <strong>de</strong> certa forma para contar <strong>uma</strong><br />

<strong>história</strong> para ele. E <strong>uma</strong> coisa que era muito interessante era <strong>de</strong>spertar todos os sentidos,<br />

assim, sons, gosto, tato, por exemplo “e era <strong>uma</strong> noite fria...” e aquele frio que ele<br />

falava a própria maneira como ele instigava a palavra era sugestivo, pra gente que era<br />

criança e não tinha televisão e que não tinha luz elétrica e que era obrigado, pelo menos<br />

eu acho que essa é <strong>uma</strong> questão engraçada porque a figura <strong>de</strong>le ... porque essa questão<br />

do conto <strong>de</strong> fada aconteceu mais comigo e com a minha irmã mais velha... (ANEXO B<br />

– 2)<br />

Fator importante no gosto pela leitura <strong>de</strong> Joaquim é a influência exercida pelo<br />

avô sobre o neto, que admirava nele o contador <strong>de</strong> <strong>história</strong>s, aquele que substituía o<br />

livro que ele não tinha e tampouco a televisão, que só conhecia na cida<strong>de</strong>, pois não tinha<br />

o aparelho na casa. Joaquim, em sua infância, fez escolinha rural no sítio <strong>de</strong> seu pai,<br />

suas idas à cida<strong>de</strong> eram bem raras, mas quando até lá ia, era quase sempre em visitas ao<br />

avô. Só quando Joaquim vai fazer o antigo primeiro grau, hoje fundamental, é que passa<br />

a ter mais contato com o “urbano” e vai estudar na cida<strong>de</strong>, na escola das freiras, em<br />

56

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!