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professor-leitor: uma história de vida - Programa de Pós-Graduação ...

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vindo <strong>de</strong> ônibus a Maringá para estudar à noite. A partir <strong>de</strong> 1987, passa a residir em<br />

Maringá, exercendo a profissão <strong>de</strong> bancário conciliada com a universida<strong>de</strong>, que conclui<br />

em 1988.<br />

Essa <strong>história</strong> na verda<strong>de</strong> se origina na <strong>história</strong> <strong>de</strong> meus pais, principalmente meu pai,<br />

um homem com <strong>uma</strong> auto-imagem <strong>de</strong> injustiçado, sentindo-se excluído <strong>de</strong> todos os<br />

processos da <strong>vida</strong> por não ter tido escola e ter se tornado agricultor, sina da qual não<br />

conseguiu escapar. Qualquer semelhança entre nossas <strong>história</strong>s não são meras ficção e<br />

coincidência.<br />

Cresci ouvindo que somente a escola me livraria daquele suplício <strong>de</strong> estar à <strong>de</strong>riva e<br />

que, autoritário como é meu pai, se um dia reprovasse, seria impedido <strong>de</strong> freqüentá-la e<br />

iria para o trabalho. Aquilo era mais que or<strong>de</strong>m, era um signo em nome do qual eu<br />

venceria.<br />

(ANEXO A – 1)<br />

Joaquim livra-se da sina do pai, fixando-se em Maringá e, a partir <strong>de</strong> 1989,<br />

inicia a carreira <strong>de</strong> <strong>professor</strong>, que segundo o mesmo, logo abandonaria, pois tinha para<br />

si que não queria ser <strong>professor</strong>. Nesta fase <strong>de</strong> sua <strong>vida</strong>, em mais <strong>uma</strong> crise <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>,<br />

encontra-se <strong>de</strong>sgostoso com a <strong>vida</strong> <strong>de</strong> bancário (carreira que também não pretendia<br />

seguir) e resolve experimentar a educação, afinal <strong>de</strong> contas, tinha um diploma<br />

universitário que lhe conferia o título <strong>de</strong> <strong>professor</strong> e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança ouvia dizerem que<br />

levava jeito para ser <strong>professor</strong>. Por que não tentar?<br />

Assim, Joaquim, recém formado, entra para a profissão <strong>professor</strong> como muitos<br />

entram, sem ser aquilo que realmente <strong>de</strong>sejou para si. Sabemos que nem todos os<br />

freqüentadores dos cursos <strong>de</strong> licenciatura têm o “dom” para ser <strong>professor</strong> e estão lá<br />

fazendo o curso que querem. Isso não quer dizer que nos outros cursos somente há<br />

pessoas que os fazem segundo aptidão, fosse assim e viveríamos n<strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong><br />

perfeita, com pessoas que encaram a profissão escolhida feito sacerdócio (fala que<br />

vigora muito nos discursos sobre a profissão <strong>professor</strong> – resquício da visão religiosa na<br />

educação, sem dú<strong>vida</strong>), <strong>uma</strong> missão que não <strong>de</strong>ve ter interesses materiais. E sob esta<br />

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