UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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Num segundo momento, trataremos das críticas publicadas na imprensa<br />
mineira. São artigos que manifestavam muitas vezes, verdadeiro repúdio ao jeito de se<br />
vestir das mulheres. A mulher alvo das críticas é a chamada mulher moderna, que tinha<br />
cabelos curtos, usava muita maquiagem e saias quase na altura dos joelhos, dançava,<br />
fumava, dirigia, estudava, trabalhava. Este termo mulher moderna era constantemente<br />
utilizado pela imprensa para categorizar o estereótipo feminino que contradizia o<br />
modelo ideal, ou seja, para os críticos, a representação da mulher moderna<br />
condensava tudo que a mulher não deveria ser.<br />
O jornal A Violeta de Belo Horizonte de setembro de 1900 publicava um<br />
artigo extenso que podemos considerar como um guia de moda. O trecho abaixo foi<br />
retirado da matéria intitulada A Moda. Este artigo era assinado por Jardineira Honorária,<br />
provavelmente um pseudônimo, já que as escritoras por mais que falassem de assuntos<br />
femininos preocupavam-se em manter o nome da família em anonimato. Nada impedia<br />
também que este artigo tivesse sido escrito por um homem. Mas, como se tratava de<br />
um assunto feminino, a receptividade do público seria melhor sendo o autor uma<br />
mulher. Neste artigo observamos vários elementos que nos permite compreender a<br />
importância que a imprensa dava à moda, na vida da mulher.<br />
100<br />
Como la DONNA- do Rigoleto- a moda deve ser > para agradar ás cabecinhas avidas de novidades das nossas gentis<br />
patrícias sempre promptas a estrear uma blusa feita pelo ultimo figurino ou a<br />
arregaçar os vestidos com a donaire da pariziense que vem pintada no<br />
derradeiro numero do PETIT ECHO. E, vamos lá, minhas senhoras, por mais<br />
graves e severas que sejamos, experimentamos sempre tal ou qual sensação<br />
de goso ao sentirmo-nos vestidas com certa elegancia e portadoras da nossa<br />
TOILLETE de uma novidade qualquer.<br />
Ora é uma gaze crespa, que collocada sobre a nobreza ou setim, attenúa o<br />
lustro forte da seda, mas deixa na transparência dos fios, perceber-se a cor e<br />
conhecer-se delicadamente, com o requinte de bom gosto apurado, que é<br />
excellente a seda ou setim, que esta meio encoberto.Ora é uma greguinha,<br />
hauté nouveauté,de lantejoulas e vidrilhos, que á luz das lampadas electricas<br />
parecem myriades de pedrarias expostas e brilham quase tanto como os olhos<br />
das senhoritas formosas que passeiam ufanas pelos braços dos cavalheiros no