UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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valorização da sensibilidade, da devoção e da submissão, em detrimento das<br />
capacidades intelectuais 127 .<br />
Respaldados nestas teorias científicas consideradas naquele momento<br />
como verdade absoluta, inquestionável, muitos políticos, juristas, intelectuais,<br />
autoridades em geral, mantiveram-se contrários a qualquer forma de emancipação<br />
feminina. Firmes em suas convicções insistiam em limitar as ações cotidianas das<br />
mulheres em defesa da integridade da família. Para tanto, utilizava-se de diversos<br />
meios como o teatro, a literatura e a imprensa. Em relação à imprensa, particularmente<br />
nos periódicos mineiros, percebemos que esta mulher “criada” pela ciência será<br />
apresentada como a imagem da mulher ideal para o bom andamento da sociedade. Por<br />
isso, as qualidades femininas deste modelo cientificamente comprovado, serão<br />
constantemente exaltadas em verso e prosa.<br />
A mulher<br />
A mulher é uma fada benfazeja, um anjo, uma medianeira entre Deus<br />
e a creatura para elevar a alma do homem às delicias do céo.<br />
A mulher é um thezouro de ternura e de amor; é a flor que exala o prazer, o<br />
calix que contem a felicidade.<br />
O sol e a mulher parecem ter dividido entre si o império do mundo. Um nos dá o<br />
dia, outra nos embelleza e nos amenisa. 128<br />
Neste exemplo, a mulher é representada como um ser muito próximo da<br />
divindade, da perfeição. Ela é bela, terna, amorosa e proporciona paz e felicidade ao<br />
homem. O que vemos predominantemente na imprensa mineira é a afirmação da<br />
beleza como o maior instrumento da mulher, pois seria através dela que seu futuro seria<br />
definido: por meio de um bom casamento que lhe traria a felicidade e uma família feliz.<br />
127 MATOS, Maria Izilda Santos de. Em nome do engrandecimento da nação: representação de gênero<br />
no discurso médico – São Paulo 1890-1930. Diálogos – Revista do Departamento de História da<br />
Universidade Estadual de Maringá, Maringá. V. 7. p. 77-92, 2000. ; SOIHET, op. cit. ; SOIHET, op. cit.<br />
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