UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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amor 214 .<br />
Maria Lacerda de Moura, segundo ela mesma afirmava, era uma<br />
pensadora individualista; não pertencia a partidos políticos, grupos literários, e sua<br />
passagem por associações feministas foi muito rápida. Em relação ao movimento<br />
feminista, dizia ser representante apenas de si mesma. Fazia questão de dizer que não<br />
era representante da mulher brasileira quando proferia suas palestras. Para ela a<br />
legítima representante era Bertha Lutz e outras líderes sufragistas da alta sociedade.<br />
Estas eram consideradas por ela embaixatrizes da graça e da beleza, do voto e da<br />
caridade, da poesia e dos salões elegantes 215 .<br />
Ainda que se considerasse uma militante individualista, suas<br />
proposições acerca da emancipação feminina eram compartilhadas por muitas,<br />
principalmente pelas anarquistas. No Congresso realizado em Minas, no qual estavam<br />
reunidas mulheres que defendiam o feminismo criticado por Maria Lacerda, uma<br />
participante atribuiu a situação de opressão ao domínio da Igreja Católica por meio do<br />
casamento, que segundo a mesma escravizava a mulher. Sua concepção de feminismo<br />
abrangia as questões das mulheres que não eram parte das elites e tinha uma relação<br />
direta com as ideologias que defendia como o anarquismo. Maria Lacerda criticava<br />
arduamente aquelas que consideravam como sua maior missão na vida a caridade,<br />
faziam altas doações em dinheiro para a Igreja e ao mesmo tempo explorando suas<br />
criadas. Dizia-se contra o feminismo de votos e o de caridade.<br />
A palavra ‘feminismo’ de significação e lastima, deturpada, corrompida, mal<br />
214 MOURA ML. Religião do amor e da belleza.São Paulo: Typ. Condor, 1926, p.32. Apud LEITE, Miriam<br />
Moreira. Outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura. São Paulo: Ática, 1984.p.110<br />
215 LEITE, op. cit.; RAGO, op. cit.<br />
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