UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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profissão. Além da atenção do poder público e das políticas educacionais que<br />
pretendiam reservar a elas este campo profissional, a emergência do movimento<br />
feminista e suas reivindicações por direitos educacionais, profissionais e políticos<br />
levaram as mulheres a enxergar no magistério um espaço profissional que se<br />
adequasse ao que delas se esperava em termos sociais e àquilo de que realmente<br />
precisavam para conquistar um futuro com mais independência e menos opressão.<br />
O magistério primário trazia em si dois determinantes: dava espaço para a<br />
inserção no mundo público e no trabalho assalariado, e, como mulheres, não<br />
precisavam renunciar ao poder da reprodução da espécie que, por sua vez, só<br />
era viável socialmente com o sacramento do matrimonio. Dessa forma,<br />
viabilizavam um cruzamento entre o público e o privado dentro das condições<br />
concretas apresentadas na época. Nesse plano simbólico, talvez possa ter-se a<br />
explicação da grande popularidade do magistério entre as mulheres e, no plano<br />
objetivo, a sua condição representada pela única opção possível para elas<br />
dentro do contexto social do período. 61<br />
Mesmo com estes avanços, a educação das meninas permaneceria<br />
atrasada em relação à dos meninos. As mulheres ganharam o direito absoluto de<br />
atuarem no magistério, mas continuaram impedidas de aperfeiçoar seus estudos, pois o<br />
ingresso ao ensino superior lhes era proibido. O ponto máximo que uma mulher poderia<br />
atingir nos estudos era a conclusão da escola normal. Quanto aos homens, estes<br />
poderiam dar prosseguimento dos estudos nos cursos secundários e superiores que os<br />
preparariam para carreiras de status na vida pública. A manutenção das atividades<br />
voltadas para o trabalho doméstico no currículo das meninas – inclusive nas escolas<br />
normais –, que ainda perduraria por décadas, refletia no contexto escolar, o caráter<br />
diferenciador e hierarquizante da sociedade.<br />
Foi apenas em 1879 que o governo brasileiro permitiu o acesso das<br />
mulheres às instituições de ensino superior do país. Contudo apenas um número<br />
61 ALMEIDA, op. cit., p. 69.<br />
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