UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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A dominação masculina era uma questão recorrente nas críticas dos<br />
artigos feministas. Em geral, o tema era tratado de forma ponderada. Contudo, os<br />
artigos selecionados de O Sexo Feminino eram bem objetivos e iam direto aos fatos.<br />
Além de chamar a atenção dos homens para a importância de se tratar às mulheres de<br />
forma igualitária, afirmavam que na verdade elas eram superiores ao homem e, se<br />
diferenças existiam entre os sexos, elas favoreciam ao sexo feminino. Mais uma vez<br />
chamamos a atenção para o fato de que mesmo acreditando na igualdade dos sexos e<br />
até mesmo na superioridade feminina em certos aspectos, as feministas de fins do<br />
século XIX, entendiam a emancipação feminina como um processo de conscientização<br />
das mulheres quanto às suas necessidades e potencialidades que se estendiam para<br />
além da esfera doméstica sem, no entanto abandoná-la.<br />
Em contrapartida, o jornal A Gazeta de Belo Horizonte publicava em 15<br />
de janeiro de 1905 um artigo que a partir da mesma alegação tentava validar a<br />
supremacia masculina. Nele, o autor ou autora – que assina apenas Gil – dizia que o<br />
feminismo não teria lugar em Minas Gerais, pois a religião e a educação eram as forças<br />
principais que regem a humanidade e na Bíblia encontravam-se os subsídios para<br />
confirmar a preponderância masculina. Ao usar do artifício que seria o próprio Deus que<br />
havia determinado a inferioridade feminina, este artigo procurava corroborar com as<br />
ideologias predominantes naquele momento. Aqui a mulher era considerada<br />
naturalmente inferior, porque foi gerada a partir de uma costela do homem. Ao criá-la<br />
Deus deu-lhe ao homem e com isso legitimou seu direito de dominá-la. Sob este ponto<br />
de vista, aquela que não aceitasse a sua condição de submissão estaria contrariando a<br />
vontade de Deus o que seria inadmissível para Igreja.<br />
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