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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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135<br />

teria tudo a perder nas intrigas desonestas da política, e que a missão de paz e<br />

de amor que devemos cumprir estaria comprometida, se entrássemos nas<br />

dissençoes partidárias. 198<br />

Percebemos mais uma vez que o meio político, visto como um ambiente<br />

de corrupção e intrigas era um forte argumento contra o voto feminino. Esta<br />

incompatibilidade entre a mulher e a política era sustentada nesses artigos pela<br />

representação da mulher enquanto um ser naturalmente fragilizado e por isso sem<br />

aptidões necessárias para ser equiparada ao homem. Chama-nos a atenção sobre esta<br />

questão o fato de que o argumento que os contrários à emancipação e principalmente<br />

ao sufrágio feminino utilizavam em seu favor é o mesmo que os seus adversários.<br />

Tanto simpatizantes quanto oponentes ao voto feminino valiam-se dos mesmos<br />

preceitos, dos mesmos valores para defender seu ponto de vista.<br />

Daí o caráter reformista do movimento. Numa sociedade que se<br />

orgulhava de seu tradicionalismo, como era o caso da mineira, dificilmente<br />

manifestações que se desprendessem das normas e regras ditadas pelo<br />

conservadorismo cristão teriam tanto espaço na imprensa como as reivindicações<br />

feministas tiveram. O artigo citado abaixo demonstra claramente as contradições de<br />

idéias e desejos entre as feministas do período.<br />

A preocupação máxima dos dois sexos hoje em dia é este grave problema que<br />

ainda não se acha bem resolvido, por soffrer o combate de tantas opiniões<br />

contrarias [...]. Alguns protestam, porque temem encontrar nella (a mulher) uma<br />

competidora [...] outros negam a superioridade do sexo “frágil”, chegando<br />

mesmo a escarnecel-a, sem que estes brados impeçam a altiva phalange<br />

feminista, de seguir, invicta, o caminho da sua libertação, reclamando apenas –<br />

justiça, isto é, egualdade de direitos, demonstrando do que ella pode ser<br />

differente do homem, pela sua constituição physica somente, porem não<br />

superior ou inferior ao sexo que se intitula forte [...]. Mas esta liberdade não é<br />

como parece a primeira vista, incompatível com as obrigações do lar.[...] o<br />

principal é saber dividir as horas, attendendo ao emprego e as necessidades<br />

dos seus, sem sacrificar seu lugar de mãe, de preceptora dos seus filhos e de<br />

198 (A) Vida de Minas – Belo Horizonte, 30/11/1915.

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