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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...

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alimentos, etc 177 . Margareth Rago chama a atenção para o fato de que há formas de<br />

expressões da luta de resistência feminina fora do campo da política institucional,<br />

principalmente no que diz respeito ao campo da moral, no qual a opressão sobre a<br />

mulher é maior. Para ela, “a não-amamentação, a prática do aborto, a contestação do<br />

papel da esposa - mãe - dona de casa podem ser pensadas como sinais de outro tipo<br />

de resistência social das mulheres 178 ”.<br />

As diversas possibilidades de manifestação feminina nos permitem<br />

pensar numa pluralidade de feminismos, uma vez que elas vão se apresentar de forma<br />

diferenciada, de acordo com a condição sócio-cultural das envolvidas. Margareth Rago<br />

analisando o universo fabril destaca que, embora o discurso operário masculino<br />

insistisse em definir a mulher trabalhadora como frágil e de vocação natural para a<br />

maternidade, e com isto dificultasse a participação feminina nas entidades de classe e<br />

nos sindicatos forçando muitas vezes seu retorno ao ambiente doméstico, a presença<br />

das operárias nas mobilizações políticas do período era significativa: participavam de<br />

greves, manifestações públicas, enfrentavam patrões e a própria polícia 179 .<br />

Obrigadas a conviver e trabalhar num ambiente dominado pelos homens<br />

e condicionadas a uma posição de inferioridade e submissão, a mulher pobre entendia<br />

a emancipação feminina inteiramente relacionada ao ambiente de trabalho no qual<br />

certamente passava a maior parte do dia. Para ela, a luta pela independência política, o<br />

direito devoto e de participação no processo eleitoral não era uma prioridade. A<br />

verdadeira emancipação feminina seria aquela que abrangesse a vida da mulher em<br />

177<br />

Cf. DIAS, Maria Odila Leite da Silva. Quotidiano e poder em São Paulo no século XIX. 2ed. São Paulo:<br />

Brasiliense, 1995.<br />

178<br />

RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar – a utopia da cidade disciplinar. Brasil 1890-1930. São Paulo: Paz<br />

e Terra, 1987, p. 74.<br />

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