UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - Biblioteca Digital ...
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mulheres de diferentes níveis sociais em um mesmo movimento ia de encontro com o<br />
comportamento excludente próprio da elite brasileira que se autodenominava<br />
intelectualmente superior e que por isso via-se no direito de tomar decisões em nome<br />
dos mais despreparados.<br />
SOIHET, no entanto, confronta essa afirmação 182 . Para ela, não é<br />
verídico afirmar que para o movimento liderado por Bertha Lutz, dada a sua natureza<br />
burguesa, bastavam conquistas no plano jurídico – político, o que o distanciaria das<br />
mulheres trabalhadoras. Segundo a autora, Bertha Lutz teria atuado em várias causas e<br />
seria injusto considerar sua atuação apenas em relação ao sufrágio. A conquista do<br />
voto mereceu prioridade, porque considerava que o acesso aos direitos políticos eram<br />
essenciais à obtenção de garantias com base na lei. O trabalho feminino, inclusive<br />
aquele das mulheres pobres era uma grande preocupação desta feminista que sugeriu<br />
deste o início de sua militância a criação de associações de classe para as categorias<br />
profissionais.<br />
SOIHET não concorda com ALVES, quando esta afirma que o<br />
movimento sufragista foi uma luta inglória que se limitou à dinâmica do sistema<br />
capitalista. Para ela esta posição despreza as lutas empreendidas por várias gerações<br />
de mulheres que já se preocupavam com esta questão. Destaca a atuação de Bertha<br />
Lutz num momento em que a inserção da mulher no espaço público era visto de forma<br />
preconceituosa nas páginas de jornal e as assembléias no Congresso. Adentrar na<br />
esfera pública era um desejo antigo e significava uma conquista, pois lhes permitia<br />
182 SOIHET, Rachel.VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: Saberes masculinos e representações femininas. In:<br />
Revista Estudos Feministas. Vol 5 n. 1/97: IFCS/UFRJ, 1997.<br />
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