Março de 2011 - Vol 18 numero 1 - Sociedade Portuguesa de ...
Março de 2011 - Vol 18 numero 1 - Sociedade Portuguesa de ...
Março de 2011 - Vol 18 numero 1 - Sociedade Portuguesa de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
26 Electroterapias: <strong>de</strong>sfibrilhadores automáticos<br />
externos, <strong>de</strong>sfibrilhação, cardioversão e pacing 5<br />
as compressões aumentem a já muito elevada probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
RCE quando a <strong>de</strong>sfibrilhação é aplicada precocemente na fase<br />
eléctrica, imediatamente <strong>de</strong>pois do início da FV / TV<br />
A forma da onda<br />
A produção <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfibrilhadores monofásicos foi <strong>de</strong>scontinuada<br />
e apesar <strong>de</strong> muitos <strong>de</strong>les continuarem a ser utilizados durante<br />
anos os <strong>de</strong>sfibrilhadores bifásicos suplantaram-nos.<br />
Desfibrilhação monofásica versus bifásica<br />
As ondas bifásicos são mais eficazes do que as monofásicas a terminar<br />
arritmias ventriculares com baixos níveis <strong>de</strong> energia, têm maior<br />
eficácia do que as monofásicas no primeiro choque e têm maior eficácia<br />
para o primeiro choque nas FV / TV <strong>de</strong> longa duração. 153-155 Não<br />
há estudos que tenham <strong>de</strong>monstrado superiorida<strong>de</strong> no estado neurológico<br />
à data da alta hospitalar. As ondas bifásicas são mais eficazes<br />
do que as monofásicas a cardioverter electivamente fibrilhações auriculares,<br />
com maior taxa global <strong>de</strong> sucesso, utilizando menos energia<br />
cumulativa e reduzindo a gravida<strong>de</strong> das queimaduras cutâneas, 156-159<br />
são as ondas <strong>de</strong> eleição para este procedimento.<br />
Níveis <strong>de</strong> energia<br />
Desconhecem-se os níveis <strong>de</strong> energia óptimos quer para as ondas<br />
bifásicas quer para as monofásicas. As recomendações do<br />
nível <strong>de</strong> energia são estabelecidas em consensos baseados na<br />
revisão cuidadosa da literatura.<br />
Primeiro choque<br />
Depois da publicação das recomendações <strong>de</strong> 2005 não foi publicado<br />
mais nenhum estudo sobre o nível <strong>de</strong> energia óptima para<br />
as ondas monofásicas. Há relativamente poucos estudos publicados<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005 sobre as ondas bifásicas que permitam refinar<br />
as recomendações. Não há evidência <strong>de</strong> que <strong>de</strong>terminada forma<br />
<strong>de</strong> onda ou <strong>de</strong>sfibrilhador seja melhor que outro. A eficácia do<br />
primeiro choque com onda bifásica truncada exponencial (BTE)<br />
153, 154,<br />
com 150-200J tem sido relatada como sendo <strong>de</strong> 86-98%.<br />
160-162<br />
A eficácia do primeiro choque com onda bifásica rectilínea<br />
(BRL) com 120J é <strong>de</strong> 85% (dados <strong>de</strong> comunicação pessoal, não<br />
publicados). 155 Há dois estudos que sugerem equivalência entre<br />
<strong>de</strong>sfibrilhações iniciais <strong>de</strong> baixa e <strong>de</strong> alta energia. 163, 164 Apesar<br />
dos estudos em humanos não terem evi<strong>de</strong>nciado lesão (biomarcadores<br />
elevados, alterações no ECG e fracção <strong>de</strong> ejecção)<br />
com qualquer das ondas bifásicas até aos 360J, 163, 165 há vários<br />
estudos em animais que sugerem risco <strong>de</strong> lesão potencial com<br />
as energias mais altas. 166-169 O choque bifásico inicial não <strong>de</strong>ve<br />
ser inferior a 120J para as ondas BRL nem 150J para as ondas<br />
BTE. I<strong>de</strong>almente a energia do choque bifásico inicial <strong>de</strong>veria ser<br />
<strong>de</strong> pelo menos 150J com todas as formas <strong>de</strong> onda.<br />
Segundo choque e seguintes<br />
As recomendações <strong>de</strong> 2005 estabeleceram uma estratégia <strong>de</strong><br />
energia fixa ou <strong>de</strong>crescente e não há evidência que permita alterar<br />
essa recomendação<br />
Cardioversão<br />
Se a cardioversão das taquidisritmias auriculares e ventriculares for<br />
eléctrica, o choque <strong>de</strong>ve ser sincronizado para coincidir com a onda R<br />
do ECG e não cair sobre a onda T: se o choque cai no período refractário<br />
po<strong>de</strong> precipitar uma FV. 170 As ondas bifásicas são mais eficazes<br />
do que as monofásicas na cardioversão das FA. 156-159 A cardioversão<br />
iniciada com níveis <strong>de</strong> energia elevados não melhora a taxa <strong>de</strong> cardioversão<br />
se comparado com a <strong>de</strong> baixa energia. 156, 171-176 Com os dados<br />
disponíveis uma boa estratégia é um choque inicial <strong>de</strong> 120-150 J, escalando<br />
se necessário. O flutter auricular e as taquicardias paroxísticas<br />
supra-ventriculares requerem em geral menos energia para cardioverter<br />
do que FA. 175 Administrar como choque inicial 100 J com os monofásicos<br />
ou 70 - 120 J nos bifásicos. Nos choques seguinte aumentar a<br />
energia por <strong>de</strong>graus. 177 A energia necessária para a cardioversão das<br />
TV <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características morfológicas e da frequência da taquidisritmia.<br />
178 Com os <strong>de</strong>sfibrilhadores bifásicos usar níveis <strong>de</strong> energia <strong>de</strong><br />
120-150 J no choque inicial. Consi<strong>de</strong>rar o aumento em <strong>de</strong>graus se o<br />
primeiro choque não cardioverter em ritmo sinusal. 178<br />
Pacing<br />
Consi<strong>de</strong>rar a implantação <strong>de</strong> pacemaker em caso <strong>de</strong> bradicardia<br />
sintomática no doente que não respon<strong>de</strong> aos anticolinérgicos<br />
nem aos medicamentos <strong>de</strong> segunda linha (see Section 4<br />
Advanced Life Support). 6 Quando o bloqueio é ao nível do feixe<br />
<strong>de</strong> His-Purkinje ou inferior consi<strong>de</strong>rar a implantação <strong>de</strong> pace<br />
<strong>de</strong> imediato. Se o pacing transtorácico for ineficaz consi<strong>de</strong>rar a<br />
colocação <strong>de</strong> pacing transvenoso.<br />
Desfibrilhadores cardioversores<br />
implantáveis<br />
Os <strong>de</strong>sfibrilhadores cardioversores implantáveis (DCI) são colocados<br />
quando o doente está em risco <strong>de</strong> ter ou teve arritmia cardioversível,<br />
com risco <strong>de</strong> vida. O DCI <strong>de</strong>scarrega, por um guia<br />
encravado no ventrículo direito, um choque <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 40J<br />
quando i<strong>de</strong>ntifica um ritmo “chocável”. Se o DCI <strong>de</strong>tectar FV/ TV<br />
<strong>de</strong>scarrega até oito vezes, mas po<strong>de</strong> reinicializar-se se <strong>de</strong>tectar<br />
um novo período <strong>de</strong> FV / TV. As <strong>de</strong>scargas do DCI po<strong>de</strong>m provocar<br />
contractura do músculo peitoral do doente e há relatos <strong>de</strong><br />
reanimadores que sentiram o choque. 179 Dada a baixa energia<br />
<strong>de</strong>scarregada pelos DCI, é improvável que o reanimador sofra<br />
qualquer dano, mas é pru<strong>de</strong>nte utilizar luvas e evitar tocar no<br />
doente durante as <strong>de</strong>scargas do DCI.